Namíbia revela tesouros subterrâneos e coloca o Rio Grande do Sul no mapa da exploração de petróleo mundial

Após mais de duas décadas desde a última perfuração na Bacia de Pelotas, no litoral do Rio Grande do Sul, uma série de descobertas gigantes de petróleo e gás na Namíbia está gerando expectativas no setor de exploração de petróleo brasileiro. Com a próxima oferta de 165 blocos na Bacia de Pelotas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) em dezembro, a região pode finalmente ganhar destaque novamente no cenário de exploração de petróleo.

Um renascimento antecipado

A bacia do Rio Grande do Sul já participou de leilões da ANP no passado, mas atualmente não possui nenhum contrato de concessão ativo. A Petrobras, em diferentes fases, tentou explorar a região, mas não obteve sucesso. A última perfuração realizada pela Petrobras na Bacia de Pelotas ocorreu entre abril e maio de 2001, sem resultados positivos em relação à descoberta de petróleo.

No entanto, recentes descobertas na Namíbia, onde empresas como a Shell e a TotalEnergies anunciaram a possível existência de 11 bilhões de barris de petróleo, estão gerando otimismo em relação às semelhanças geológicas entre as duas regiões. Essa similaridade levou Ricardo Bedregal, diretor-executivo da S&P Global, a apostar que a Bacia de Pelotas será um dos principais focos do próximo leilão da ANP, juntamente com a Bacia de Sergipe-Alagoas.

Expectativas para o leilão

A ANP planeja leiloar um total de 602 áreas, incluindo os 165 blocos na Bacia de Pelotas, como parte da oferta de áreas exploratórias após manifestação de interesse por parte das petroleiras. Essa manifestação de interesse é um sinal de que o setor está ansioso para explorar as possibilidades da região.

Marina Abelha, superintendente de Promoção de Licitações da ANP, expressou sua expectativa de grande interesse das petroleiras na bacia do Rio Grande do Sul, considerando que a definição dos blocos a serem oferecidos é baseada nas manifestações do mercado. “Todos os 12 setores [de blocos] da Bacia de Pelotas receberam declaração de interesse”, afirmou.

Exploração de petróleo na Bacia de Pelotas não está isenta de desafios

Apesar das expectativas positivas, a exploração de petróleo na Bacia de Pelotas não está isenta de desafios e incertezas. Otaviano da Cruz Pessoa Neto, gerente-geral de Dados de Exploração e Tecnologia Aplicada da Petrobras, observou que a região possui seus próprios riscos. Ele mencionou que a Petrobras já esteve na Bacia de Pelotas, enfrentou dificuldades e que o sucesso exploratório na região não é garantido, mesmo com descobertas na Namíbia como referência.

A Petrobras, que busca renovar suas reservas, continua a priorizar a margem equatorial como sua principal área de atuação. A empresa obteve licenças para perfurar poços na Bacia Potiguar e espera autorização para perfurar na Bacia da Foz do Amazonas em 2024. No entanto, a abertura de uma nova fronteira exploratória no sul do Brasil pode ajudar a reverter a chamada “crise de exploração” do país, que viu uma queda acentuada no número de poços pioneiros nos últimos anos.

Crescimento na produção de petróleo e gás

A produção de petróleo e gás no Brasil registrou um aumento expressivo em setembro, destacando-se a contribuição significativa do pré-sal. De acordo com dados preliminares da ANP, o país produziu 4,665 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), representando um aumento de 6,24% em relação ao mês anterior. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo desempenho excepcional do pré-sal, que atingiu a terceira maior participação do ano, alcançando 77,04% da produção total.

Pré-Sal: Destaque no cenário energético

O pré-sal continuou a se destacar como uma peça fundamental no cenário energético brasileiro. Sua participação crescente na produção total deve-se ao aumento significativo na produção de petróleo e gás na região. Em setembro, o gás natural teve um aumento notável de 10,83% em comparação com agosto, atingindo 121,6 milhões de metros cúbicos por dia (m3/d), enquanto a produção de petróleo registrou um aumento de 9,19%, totalizando 2,829 milhões de barris diariamente (b/d). No geral, o pré-sal contribuiu com 3,594 milhões de boe/d em setembro, representando um crescimento sólido de 9,54%.