Home PETRÓLEO Ministra Marina Silva defende limites na exploração de Petróleo para alcançar metas ambientais no Brasil

Ministra Marina Silva defende limites na exploração de Petróleo para alcançar metas ambientais no Brasil

A ministra destacou que o Brasil está comprometido em triplicar as energias renováveis, mas ressaltou que isso só será possível se a questão dos limites à exploração de petróleo for cuidadosamente discutida.

by Andriely Medeiros
A ministra destacou que o Brasil está comprometido em triplicar as energias renováveis, mas ressaltou que isso só será possível se a questão dos limites à exploração de petróleo for cuidadosamente discutida.

Em uma entrevista exclusiva ao Financial Times publicada na terça-feira, 26, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, da Rede, reiterou a necessidade de impor limites à exploração de petróleo no Brasil como parte crucial do compromisso do país com as metas ambientais. A ministra enfatizou que, embora seja um debate desafiador, os países produtores de petróleo precisam enfrentar a questão dos limites para a exploração desse recurso.

Discordâncias entre Marina Silva e Ministro Silveira sobre licenciamento na Margem Equatorial

No centro do debate está a abertura de novas fronteiras exploratórias, especialmente na Margem Equatorial, com foco na Bacia Foz do Amazonas. Marina Silva defendeu a importância de discutir essa decisão no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), sublinhando que o Brasil, como produtor de petróleo, deve enfrentar o desafio de equilibrar a exploração com os compromissos ambientais.

A ministra destacou que o Brasil está comprometido em triplicar as energias renováveis, mas ressaltou que isso só será possível se a questão dos limites à exploração de petróleo for cuidadosamente discutida. A discordância entre Marina Silva e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), sobre o licenciamento na Margem Equatorial foi citada pelo jornal britânico.

Silveira argumentou que as receitas do petróleo são essenciais para financiar a transição na matriz energética, apontando para a não contradição entre os objetivos de transição energética do governo e as metas de exploração de óleo e gás.

Diversos países estão céticos em relação ao Brasil e as suas metas ambientais

Entretanto, o Financial Times ressaltou o ceticismo internacional em relação à insistência brasileira nos combustíveis fósseis, especialmente diante do apelo do presidente Lula para que os países ricos assumam a liderança no combate às mudanças climáticas. Recentemente, o Brasil foi convidado a integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), o que gerou discussões sobre o equilíbrio necessário entre segurança energética e transição para fontes mais limpas.

“Não podemos desistir da transição energética. A segurança energética é necessária, mas também devemos pensar na transição. Ambas as coisas devem acontecer”, afirmou Marina Silva, reforçando a importância de encontrar um equilíbrio entre as necessidades energéticas do país e a preservação ambiental. O Brasil se encontra em uma encruzilhada crucial, onde as decisões sobre a exploração de petróleo moldarão o futuro ambiental e energético do país.

Por que explorar petróleo vai contra as metas de transição energética?

Explorar petróleo pode ir de encontro às metas estabelecidas na transição energética por diversos motivos. Um dos principais é o impacto ambiental associado à extração, processamento e queima de combustíveis fósseis. Essas atividades liberam grandes quantidades de gases de efeito estufa, contribuindo para as mudanças climáticas.

A transição energética tem em vista promover fontes de energia renovável, como solar, eólica e hidrelétrica, em detrimento de recursos não renováveis como o petróleo. Investir na exploração de novas reservas de petróleo mantém a dependência de uma fonte não sustentável, retardando a evolução para uma matriz energética mais limpa e resiliente.

Além disso, a exploração de petróleo frequentemente envolve práticas que causam danos ambientais significativos, como vazamentos, poluição do solo e da água, e impactos na biodiversidade. Esses impactos vão de encontro aos princípios de sustentabilidade ambiental defendidos na transição para uma economia mais verde.

A transição energética também impulsiona a inovação tecnológica em direção a soluções mais limpas e eficientes. Investir em petróleo pode desencorajar o desenvolvimento e a adoção de tecnologias sustentáveis, prejudicando a evolução necessária para enfrentar os desafios ambientais.

Além disso, há uma crescente conscientização entre os investidores sobre os riscos associados às indústrias dependentes de combustíveis fósseis. A exploração de petróleo representa riscos financeiros à medida que as regulamentações e os mercados evoluem em direção a uma economia de baixo carbono, levando muitos investidores a buscar alternativas mais alinhadas com práticas sustentáveis.

Portanto, a exploração de petróleo é frequentemente vista como incongruente com os objetivos da transição energética, que busca uma mudança substancial em direção a fontes de energia mais limpas, renováveis e sustentáveis para abordar os desafios ambientais globais e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

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