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Minerais críticos: Brasil terá nova tecnologia para explorar cobre e lítio

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) lançou um projeto que promete transformar a maneira como os minerais críticos são identificados e explorados no país. O “Projeto Geodinâmica e Prospectividade para Minerais Críticos por Inversão Magnética 3D e Machine Learning” visa atualizar os modelos geodinâmicos do Cráton Amazônico e gerar alvos exploratórios para metais cruciais para a transição energética, como cobre e lítio. Conduzido pelo Centro de Geociências Aplicadas (CGA), este projeto utiliza técnicas de ponta para reprocessar dados aeromagnéticos, oferecendo novas perspectivas para a exploração mineral no Brasil.

O impacto das técnicas avançadas de inversão magnética 3D e Machine Learning na descoberta de minerais críticos

O projeto se concentra inicialmente em três regiões-chave: Alta Floresta (MT), Tapajós (PA) e Araçuaí (MG). Estas áreas foram selecionadas devido ao seu potencial significativo para descobertas de cobre e lítio, minerais essenciais para tecnologias sustentáveis e transição energética. O SGB apresentará mensalmente uma média de oito folhas com dados reprocessados, utilizando Inversão Magnética 3D e técnicas avançadas de Machine Learning.

O diretor-presidente do SGB, Inácio Melo, destacou a importância desse projeto no contexto da transição energética global. Ele apontou que a demanda por minerais críticos, como cobre e lítio, é uma das maiores vulnerabilidades da transição energética. “O SGB já vem produzindo e disponibilizando informações valiosas para novas descobertas. Este projeto é uma extensão desse esforço, reprocessando dados do levantamento aeromagnético com o que há de mais moderno em técnicas de reprocessamento”, explicou Melo.

O reprocessamento dos dados utiliza técnicas de Machine Learning e representação gráfica em 3D, oferecendo um produto que permitirá aos pequenos e médios mineradores planejar de forma mais eficiente e organizada. “Esses produtos ajudarão a gerar alvos prospectivos mais precisos e poderão ser utilizados para um planejamento mais estruturado”, enfatizou Melo.

Financiamento e parcerias

O projeto será financiado por recursos provenientes do RCI (ressarcimento de custos indiretos) de projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I) desenvolvidos pelo CGA, em colaboração com a Petrobras. A iniciativa se estenderá por nove meses, com novos produtos sendo disponibilizados toda a primeira semana de cada mês. Estes produtos serão baseados no reprocessamento dos dados do aerolevantamento magnético, cobrindo todo o cristalino brasileiro.

O coordenador do CGA, Noevaldo Teixeira, explicou que o trabalho será apresentado em Voxel 3D para Susceptibilidade Magnética, utilizando o processo de MVI (Magnetic Vector Inversion) e a técnica de SOM (Self-Organizing Map). Essas técnicas, empregadas por geofísicos de mineradoras em diversos países ao longo da última década, têm mostrado resultados excepcionais na interpretação de dados magnéticos.

Os dados apresentados incluirão diferentes níveis de detalhamento, como seções horizontais e verticais, que poderão ser ajustadas conforme a topografia e integradas com os resultados de análises geoquímicas dos testemunhos. Isso permitirá uma análise mais detalhada e precisa das áreas prospectivas.

Do modelo geoquímico às comparações tectônicas, entenda os três pilares que sustentam a inovação na geodinâmica mineral

O projeto é composto por três módulos principais:

Geoquímica Isotópica: Este módulo foca na análise isotópica (Lu/Hf) e química de zircão (Elementos-Traços e isótopos de oxigênio) de drenagens recentes. O objetivo é montar um modelo evolutivo para as regiões mencionadas, determinando a idade e a origem das mineralizações.

Geofísica: Envolve o processamento e reinterpretação dos dados aerogeofísicos magnéticos, gerando mapas que identificam áreas favoráveis para novos alvos de cobre e lítio. A compartimentação tectônica regional do Cráton Amazônico e do Orógeno Araçuaí também será analisada.

Orógenos Comparativos: Este módulo compara a compartimentação tectônica e o resfriamento de orógenos recentes (como o Himalaia e os Andes) e antigos (como Tapajós, Carajás e Borborema). O foco é entender a dissipação de calor e a preservação de estruturas rasas.

Transformando a exploração de minerais

Todo o aerolevantamento magnético com espaçamento de linhas de voo de 500 metros será reprocessado em escala 1/100.000, com uma média de 8 folhas e dados brutos disponibilizados gratuitamente. As áreas iniciais de foco são Alta Floresta, Tapajós e Vale do Jequitinhonha. O uso de modelos 3D de Susceptibilidade Magnética e Machine Learning permitirá um entendimento mais preciso da estrutura geológica e ajudará a identificar potenciais áreas para acumulação de minerais.

Teixeira acredita que a integração dos dados geofísicos com outras informações obtidas pelas mineradoras permitirá gerar novos alvos prospectivos para cobre e lítio, atendendo à crescente demanda desses minerais críticos na transição energética. A colaboração entre o SGB e a Petrobras neste projeto reflete um esforço conjunto para impulsionar a exploração mineral e contribuir para a sustentabilidade energética do Brasil.

Andriely Medeiros

Ensino superior em andamento. Escreve sobre Petróleo, Gás, Energia e temas relacionados para o PetroSolGas.

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