Mesmo com lucro recorde, Ambev apresenta receita líquida abaixo do esperado e ações despencam

Na manhã desta quinta-feira, 02 de março, a gigante das bebidas, Ambev (ABEV3), anunciou o seu lucro em relação ao quarto trimestre de 2022. No entanto, os resultados não foram tão satisfatórios aos acionistas. Consequentemente, por volta das 11h30 da manhã, os papéis apresentavam queda superior a 2,45%, apesar do lucro ter chegado a R$ 5,29 bilhões, cerca de 36,4% de alta em relação ao mesmo período do ano anterior.

No entanto, devido aos juros, impostos e amortizações, o lucro da Ambev (ABEV3) apresentou alta de apenas 27,5% referente ao mesmo período em relação ao conceito orgânico. O Bradesco BBI afirma que a companhia teria registrado uma receita líquida bem abaixo do que era esperado, cerca de 10% abaixo do consenso previsto para a América Latina tendo em vista o cenário da Copa do Mundo. 

De acordo com analistas, um dos principais fatores que interferiram para o aumento do lucro em 2022 foi a Copa do Mundo, que fez com que as vendas de cervejas e outros tipos de bebidas alcoólicas aumentassem. No entanto, os resultados positivos não estão previstos para o mesmo período deste ano.  Apesar das vendas se mostrarem positivas no Brasil, a instituição não consegue manter o mesmo desempenho em escala internacional. 

A Copa do Mundo teria incentivado a compra de mais de  26,6 mil hectolitros, em escala internacional, tendo a Ambev como uma das maiores fornecedoras. Foi um volume histórico registrado. Os comércios voltados para turismo e alimentação derivados também foram privilegiados com os jogos da Copa do Mundo no Qatar.

Bolsa de valores caindo impulsionada por taxa de juros brasileira

Após os resultados da Ambev, a bolsa de valores apresentou quedas leves de 0,5%, puxada pelo cenário de juros em escala mundial e a taxa Selic, que se encontra em 13,75% ao ano, tirando muitos investidores da renda variável para aplicação na renda fixa. 

Quando os juros estão elevados, os investimentos em renda fixa, como os títulos públicos, se tornam mais atrativos, pois oferecem maior rentabilidade. Isso faz com que os investidores retirem seu dinheiro da bolsa de valores, pois buscam investimentos com menor risco e maior retorno. Além disso, os juros altos podem afetar negativamente as empresas listadas na bolsa de valores, pois o custo do dinheiro fica mais caro, o que pode levar a uma redução nos investimentos e na expansão dos negócios. Com isso, as empresas podem ter um desempenho abaixo do esperado, o que pode afetar o valor de suas ações na bolsa.

Sobre a Ambev (ABEV3): a gigante de cervejas na bolsa de valores

A Ambev é uma das maiores empresas de bebidas do mundo, com presença em diversos países da América Latina, incluindo Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Peru, Colômbia, Equador e República Dominicana. A empresa produz e distribui uma ampla gama de bebidas, incluindo cervejas, refrigerantes, chás e sucos, entre outros.

Foi criada em 1999, a partir da fusão da Brahma e da Antarctica, duas das maiores cervejarias brasileiras da época. A empresa entrou para a bolsa de valores de São Paulo (B3) em julho de 2000, com um valor de mercado de cerca de R$ 30 bilhões. Na época, a cotação das ações da Ambev era de cerca de R$ 5,00.

Desde então, a Ambev se tornou uma das empresas mais valiosas do Brasil e da América Latina, com um valor de mercado de cerca de R$ 360 bilhões em fevereiro de 2023. As ações são negociadas não apenas na B3, mas também em outras bolsas de valores, como a de Nova York (NYSE) e a de Buenos Aires (BYMA).

Além de sua atuação no mercado de bebidas, a instituição também é conhecida por suas iniciativas de sustentabilidade e responsabilidade social. A empresa tem investido em projetos de reciclagem, eficiência energética e agricultura sustentável, entre outras áreas, e tem como objetivo ser uma empresa carbono neutro até 2040.

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