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Líder de empresa de petróleo é alvo de críticas ao ser nomeado para presidir COP28

Al Jaber, líder de uma empresa de petróleo nomeado para presidir a COP 28, uma cúpula que busca soluções para o clima está sendo criticado.

by Marcelo Santos
Líder de empresa de petróleo gera críticas ao ser nomeado para presidir COP28

Chefe de campanha global da 350.org critica o nome indicado para chefiar a próxima Cúpula do Clima das Nações Unidas. Zeina Khalil Hajj, chefe da campanha global pelo fim total do uso de combustíveis fósseis, diz que é o equivalente a nomear o CEO de uma empresa de cigarros para supervisionar uma conferência de cura do câncer. A petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos, Adnoc, extraiu 2,7 milhões de barris de petróleo por dia em 2021, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. 

A meta atual da empresa é aumentar a produção para cinco milhões de barris por dia até 2027, conforme relatado por Al Jaber. Hajj teme que a COP28 no Oriente Médio se torne “uma exposição para a indústria de combustíveis fósseis”. 

A COP28 e redução das emissões de CO2 

O presidente da COP28, líder de uma gigante petrolífera do Golfo, apelou ao compromisso de reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) sem afetar o progresso. Sultan al-Jaber é o presidente-executivo da ADNOC, a companhia petrolífera nacional dos Emirados Árabes Unidos. Ele tem sido alvo de críticas de ativistas ambientais.

“Estamos em uma virada histórica, o crescimento com menos emissões de CO2 é o futuro”, afirmou.

“Trabalhamos com a indústria de energia para acelerar a descarbonização, reduzindo o metano e desenvolvendo o hidrogênio”, disse ele. Ele falava em um fórum de energia em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. 

As empresas petrolíferas às vezes apontam para a possibilidade de reduzir sua pegada de carbono sem comprometer a produção de petróleo. De acordo com o crescimento da população mundial e o consequente aumento da procura de energia, “enquanto o mundo usar hidrocarbonetos, é necessário garantir que estes tenham o menor teor de carbono possível”. Sultan al-Jaber procurou garantir que sua nomeação como presidente da COP28 fosse uma boa ideia. 

Masdar e a transição energética 

Al Jaber é presidente da Masdar, uma empresa de energia limpa presente em mais de 40 países, e também tem um papel de destaque nas energias renováveis. Ele pretende expandir a exploração de petróleo em um dos dez países com a maior coleção de barris do mundo. 

Cidades planejadas não são novidade no Brasil. A própria Brasília surgiu no meio do cerrado na década de 1960. Mas o que torna a Masdar um projeto especial é seu foco em ser 100% sustentável. Localizada a 30 minutos da capital dos Emirados Árabes Unidos – Abu Dhabi , a cidade do futuro ganha forma e deve ficar pronta até 2025. Projetada pela britânica Foster and Partners, sua área é de cerca de 640 hectares e seu projeto se destaca para incentivar o uso de transporte público e caminhadas.

Energias renováveis e o futuro do mercado de petróleo

A empresa tem uma capacidade total de 15 gigawatts, o que elimina mais de 19 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono anualmente. A Masdar tem ambições de ser a maior produtora de energia limpa do mundo até 2030, a meta é produzir 100 gigawatts de energia limpa.

O enviado presidencial do clima dos EUA, John Kerry, comentou em sua mídia social que a combinação única de papéis de Al Jaber ajudaria a trazer todas as partes interessadas necessárias para a mesa de negociações, o que ajudaria a acelerar as negociações para os acordos da COP28. 

O mundo precisa de energia máxima e emissões mínimas, disse Al Jaber em um discurso na Exposição e Conferência Internacional de Petróleo de Abu Dhabi em outubro. O mundo precisa de todas as soluções que puder obter. É petróleo e gás e solar, eólica e nuclear e hidrogênio mais as energias limpas ainda a serem descobertas, comercializadas e implantadas. Resta aguardar a cúpula do clima em novembro para medir os progressos alcançados.

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