Passo Fundo está prestes a receber um investimento de R$ 50 milhões que possibilitará a construção de uma usina-escola de amônia. Esse projeto, que já está finalizado, terá sua planta instalada em uma área da Universidade de Passo Fundo (UPF). A operação contará com três investidores dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, e a expectativa é que as obras tenham início dentro de dois meses.
A proposta da usina-escola de amônia é produzir essa substância a partir do hidrogênio proveniente da água, em vez de utilizar o hidrogênio derivado do gás natural. Essa mudança visa reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO₂), um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.
Com essa abordagem mais sustentável, o projeto visa produzir alimentos com menor emissão de carbono, minimizando o impacto ambiental e contribuindo para a redução do aquecimento global. Além disso, há a possibilidade de reduzir os custos de produção agrícola.
Responsável pela organização do projeto, o diretor técnico da TecnoAgro, Fernando Pilotto, explica que a usina-escola faz parte do Projeto Amônia Verde, que integra a TecnoAgro. Essa associação, criada em 2021 por instituições públicas e empresas do setor, tem em vista promover o desenvolvimento regional por meio da transferência de tecnologias.
Com a usina-escola de amônia, busca-se impulsionar uma agricultura mais limpa e sustentável, ao mesmo tempo em que o Brasil se torna independente da importação de nitrogênio.
Atualmente, o Brasil importa cerca de 95% do nitrogênio utilizado como fertilizante, principalmente na forma de ureia. A expectativa é que, com a implementação da usina-escola de amônia em Passo Fundo, o país deixe de depender da importação desse nutriente essencial para a produção de alimentos.
A redução das emissões de CO₂ é um objetivo alinhado às metas da Conferência do Clima das Nações Unidas (ONU). A COP26 estabelece uma meta de redução de 50% das emissões dos gases associados ao efeito estufa até 2030 e a neutralização das emissões de carbono até 2050.
Inicialmente, as tecnologias necessárias para a produção de amônia verde serão importadas de países como China, Noruega e Dinamarca. O objetivo é adquirir conhecimento sobre essas tecnologias para, posteriormente, começar a produzi-las no Brasil.
Isso requer a formação de profissionais capacitados para operar essas fábricas e impulsionar o desenvolvimento do setor. Com o investimento na usina-escola em Passo Fundo, a região também ganhará um laboratório de energia limpa e renovável, que servirá para pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias.
Luiz Paulo Hauth, CEO da Phama Energias Renováveis Ltda, um dos investidores do projeto, destaca a importância da produção de alimentos em relação à fertilidade do solo, especialmente quando se trata de macronutrientes, como a amônia. Atualmente, a produção de fertilizantes é realizada em grandes plantas centralizadas, que consomem uma parcela significativa da energia elétrica global (1%) e geram uma parte considerável das emissões de CO₂ (2%), devido ao uso intensivo de fontes fósseis para a produção de hidrogênio.
Essa cadeia produtiva é onerosa, poluente e está sujeita a questões geopolíticas e variações cambiais, representando um risco para a segurança alimentar. Com a produção de amônia verde em Passo Fundo, é possível evitar a emissão de aproximadamente 14,8 mil toneladas de CO₂ por ano.
O investimento de R$ 50 milhões na usina-escola de amônia em Passo Fundo não apenas impulsionará a produção de alimentos com menor impacto ambiental, mas também trará benefícios econômicos significativos para a região.
A expectativa é que o projeto gere milhares de novos empregos, uma vez que será necessário contar com mão de obra qualificada para operar a usina e o laboratório de energia limpa e renovável.
O desenvolvimento dessa nova indústria promoverá a transferência de tecnologias e conhecimentos, estimulando o crescimento regional e contribuindo para a formação de uma agricultura mais sustentável e autossuficiente.
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