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Governo estuda a possibilidade de não incluir as obras de Angra 3 no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e, assim, interromper o projeto

O governo brasileiro está atualmente em uma encruzilhada sobre o futuro da Usina de Angra 3, um empreendimento que tem sido objeto de debates e discussões dentro da esfera política e energética do país. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está prestes a ser lançado pelo governo, e a decisão sobre incluir ou não a usina nuclear no projeto tem gerado controvérsias.

A Questão dos custos e tarifas da Angra 3

Os custos para a conclusão da Usina de Angra 3 têm sido motivo de preocupação para a equipe governamental. Especialistas como Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, alertam que os custos para a conclusão da usina nuclear são substancialmente altos e podem resultar em um impacto significativo nas tarifas de energia elétrica para os consumidores.

A energia nuclear é conhecida por ser uma fonte cara de produção de eletricidade, e a possibilidade de um aumento tarifário é uma das principais preocupações.

Energias renováveis em ascensão

A matriz elétrica brasileira passou por mudanças significativas nas últimas décadas, com o crescimento das fontes renováveis, como a energia eólica e solar. Essas fontes têm se mostrado mais acessíveis financeiramente quando comparadas à energia nuclear.

De acordo com Luiz Eduardo Barata, as energias renováveis são opções muito mais baratas e suficientes para sustentar o crescimento do consumo energético no país.

Divergência de opiniões sobre Angra 3

O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enfatiza que o debate sobre a inclusão de Angra 3 no PAC ainda não foi concluído. Ele aponta que já foram investidos bilhões na usina nuclear e que a conclusão demandaria um aporte adicional considerável.

Por outro lado, Leonam Guimarães, ex-presidente da Eletronuclear, argumenta que o abandono do projeto seria extremamente custoso para o país, considerando o volume de recursos já aplicados que não teriam retorno.

A energia nuclear como solução para a intermitência

Leonam Guimarães destaca que a energia nuclear desempenha um papel crucial na transição energética e pode ajudar a resolver a intermitência das fontes renováveis, como a solar e eólica.

Ele acredita que as hidroelétricas, que também são impactadas pelas condições climáticas, não são suficientes para garantir a segurança energética do país diante da intermitência dessas fontes. Segundo ele, é preciso combinar as diferentes fontes energéticas para alcançar o equilíbrio necessário.

Impacto no mercado e investidores

A indefinição sobre a inclusão de Angra 3 no PAC tem gerado preocupação entre os investidores do setor. A Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan) alerta que a exclusão da usina do programa pode ter um impacto negativo no mercado, uma vez que pode sinalizar o fim do projeto, afetando a confiança dos investidores e potencialmente prejudicando a indústria nuclear brasileira.

A discussão sobre Angra 3 vai além dos aspectos econômicos e financeiros. Ela levanta questões importantes sobre a segurança energética do país e a necessidade de diversificação das fontes de energia para garantir um fornecimento estável e confiável.

Usina nuclear Angra 3

Angra 3, a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), localizada em Angra dos Reis (RJ), tem o potencial de ser uma grande contribuição para o setor energético do Brasil.

Com uma capacidade de 1.405 megawatts, a usina poderá gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, quantidade suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período.

A entrada em operação comercial de Angra 3 elevará a participação da energia nuclear no estado do Rio de Janeiro para cerca de 60% do seu consumo total.

A usina de Angra 3 é uma “irmã gêmea” de Angra 2, ambas contando com tecnologia alemã Siemens/KWU, atualmente conhecida como Framatome. Seu processo de construção abrange diversas etapas, incluindo obras civis, montagem eletromecânica, comissionamento de equipamentos e sistemas, bem como testes operacionais.

Marcelo Santos

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