A FS, uma das principais empresas brasileiras de etanol, anunciou o início da segunda fase de investimentos no projeto BECCS (Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono), com o objetivo de produzir o primeiro etanol carbono negativo do mundo. O anúncio foi feito após a sanção da Lei Combustível do Futuro, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a feira Liderança Verde Brasil Expo, em Brasília. Esse avanço coloca a FS na vanguarda das iniciativas voltadas para a descarbonização e sustentabilidade no Brasil.
Investimentos e expansão tecnológica para a produção de etanol
O projeto BECCS prevê um investimento total de R$ 350 milhões para a aquisição de equipamentos essenciais, como sistemas de captura, compressão e injeção de CO₂ no subsolo. A unidade industrial em Lucas do Rio Verde, no estado de Mato Grosso, será o local para a implantação dessa tecnologia inovadora. A primeira fase do projeto, que envolveu estudos técnicos e perfuração de poços, já foi concluída com um investimento de R$ 110 milhões, confirmando a viabilidade geológica para a injeção de CO₂.
O principal objetivo desse projeto é capturar o dióxido de carbono emitido durante a produção de etanol a partir do milho, armazenando-o no subsolo, o que tornaria o combustível produzido carbono negativo. Isso significa que o etanol produzido resultaria em menos emissões de carbono ao longo de seu ciclo de vida, ajudando a reduzir a pegada ambiental do setor de combustíveis.
Lei combustível do futuro e regulação
A nova legislação, conhecida como Lei Combustível do Futuro, estabelece um marco regulatório para captura e armazenamento geológico de dióxido de carbono (CCS/BECCS). Ela faz parte de um conjunto de iniciativas do governo brasileiro para promover a descarbonização e a transição energética sustentável. A FS depende agora do licenciamento ambiental estadual e da aprovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), responsável pela regulamentação das atividades de captura e armazenamento de carbono.
“O Combustível do Futuro é um marco que nos permite avançar na implementação do BECCS, tornando possível a produção do primeiro etanol carbono negativo do mundo”, afirmou Rafael Abud, CEO da FS. Ele destacou a importância dessa tecnologia para reduzir as emissões de carbono no transporte rodoviário, aéreo e marítimo, colocando o Brasil como referência global em energias limpas.
Tecnologia de captura de carbono na produção do etanol
A produção de etanol gera emissões biogênicas de CO₂ durante o processo de fermentação do milho. Com o BECCS, o CO₂ liberado é capturado e armazenado no subsolo, resultando em um saldo negativo de emissões. Isso representa uma revolução na forma como o etanol é produzido, pois transforma o combustível em uma opção ainda mais sustentável para o futuro.
A FS prevê o início das obras da segunda fase do projeto em maio de 2025, com conclusão estimada para junho de 2026. Durante esse período, serão criados cerca de 230 empregos diretos, incluindo vagas para a construção e montagem dos equipamentos de compressão e desidratação de CO₂. Esse investimento não apenas impulsiona a sustentabilidade, mas também gera oportunidades econômicas para a região de Lucas do Rio Verde.
Apoio à inovação e expansão da produção de etanol
O projeto BECCS da FS também conta com o apoio da Finep, agência de fomento à inovação, que visa incentivar iniciativas estratégicas voltadas para o desenvolvimento sustentável no Brasil. Esse suporte é crucial para a continuidade de projetos que combinam tecnologia e sustentabilidade.
Segundo Daniel Lopes, vice-presidente de sustentabilidade e novos negócios da FS, o projeto BECCS é um passo importante para concretizar a visão da empresa de se tornar a maior produtora de combustível carbono negativo do mundo. Ele destacou que o próximo objetivo é monetizar o projeto por meio da venda de créditos de carbono, um mercado emergente que representa uma oportunidade significativa para a FS.