A antiga fábrica da Troller, localizada em Horizonte, no Ceará, que ficou conhecida por produzir veículos robustos como os jipes da marca, pode voltar a operar, mas com um foco bem diferente. Após o encerramento de suas atividades em 2021, quando a Ford decidiu encerrar a produção no Brasil, a planta industrial pode ser reativada para produzir veículos elétricos. A Comexport, a maior empresa de comércio exterior do Brasil, anunciou um investimento de R$ 400 milhões para transformar o local em um polo de produção de veículos eletrificados.
A fábrica desativada em Horizonte será revitalizada para abrigar a produção de seis novos modelos de veículos eletrificados, representando três marcas diferentes. O anúncio foi realizado pelo vice-presidente da Comexport, Rodrigo Teixeira, em uma cerimônia que também contou com a presença do ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Com capacidade para produzir 40 mil veículos por ano, a fábrica não se limitará apenas à produção de veículos elétricos. O plano é que o local também abrigue a fabricação de modelos movidos a etanol. O projeto visa atender tanto montadoras já estabelecidas quanto novas marcas que buscam ingressar no mercado brasileiro com produção local. A expectativa é que as operações na fábrica comecem já no primeiro trimestre de 2025, segundo a Comexport.
O governo brasileiro tem incentivado o desenvolvimento da indústria automotiva, especialmente no que diz respeito à produção de veículos mais modernos e sustentáveis. Durante o anúncio do investimento, o ministro Geraldo Alckmin destacou que o governo está oferecendo crédito tributário no valor de R$ 19,5 bilhões até 2028, com o objetivo de estimular a inovação, a produção de carros mais acessíveis e a descarbonização da frota.
Alckmin também mencionou que o Brasil tem visto um aumento significativo nos investimentos do setor automotivo. Recentemente, foram anunciados R$ 130 bilhões em novos investimentos na indústria de veículos e peças automotivas, demonstrando o crescente interesse no mercado brasileiro. Esses incentivos governamentais devem contribuir para o sucesso do projeto da Comexport e para a consolidação da fábrica de Horizonte como um polo importante para a produção de veículos elétricos no Brasil.
Apesar de ainda não terem sido divulgadas as marcas que farão parte desse projeto inicial de produção no Ceará, especialistas do setor sugerem que novas marcas chinesas podem estar entre as principais candidatas. Recentemente, montadoras chinesas demonstraram interesse em expandir suas operações no Brasil, utilizando estratégias que já provaram ser bem-sucedidas para outras fabricantes.
Um exemplo disso é a empresa BYD, que comprou uma antiga fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, para iniciar sua produção de veículos elétricos no Brasil. Da mesma forma, a Great Wall Motors (GWM) adquiriu a planta da Mercedes-Benz em Iracemápolis, em São Paulo, para também produzir seus modelos no País.
A estratégia de reativar fábricas desativadas para iniciar operações mais rapidamente tem sido uma tendência entre as montadoras chinesas, e a Comexport pode desempenhar um papel fundamental nesse processo. Empresas como Neta, que recentemente demonstrou interesse na antiga fábrica da Toyota em Indaiatuba, São Paulo, também podem considerar o complexo produtivo de Horizonte como uma opção viável para sua expansão no Brasil.
Além da Neta, outras montadoras chinesas podem estar de olho na fábrica da Troller. A Omoda e a Jaecoo, ambas pertencentes ao Grupo Chery, também estão em busca de uma fábrica no Brasil para começar suas operações. Embora ainda estejam negociando com a Caoa, representante da Chery no Brasil, a planta em Jacareí, São Paulo, não foi confirmada, o que pode abrir caminho para a produção no Ceará.
Outra possível candidata é a Zeekr, fabricante de veículos premium elétricos pertencente ao grupo Geely, o mesmo grupo que controla a Volvo. A Zeekr anunciou sua entrada no mercado brasileiro, com operações programadas para começar em setembro, mas ainda não confirmou se produzirá veículos no Brasil. No entanto, a possibilidade de utilizar o polo multimarcas da Comexport pode ser atraente para a empresa, que busca ganhar competitividade no mercado nacional.
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