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Etanol em foco: Shell, Raízen e Senai se unem para investir R$ 120 milhões em bioenergia

Shell, Raízen e Senai investem R$ 120 milhões em centro de bioenergia para desenvolver etanol de segunda geração e descarbonização.

by Andriely Medeiros
Shell, Raízen e Senai investem R$ 120 milhões em centro de bioenergia para desenvolver etanol de segunda geração e descarbonização.

A Shell, a Raízen e o Senai estão destinando R$ 120 milhões para a criação de um novo Centro de Bioenergia em Piracicaba, São Paulo. O objetivo é avançar na produção de etanol de segunda geração (E2G) e desenvolver soluções que contribuam para a descarbonização, utilizando como base a cana-de-açúcar. O projeto faz parte de uma estratégia de transição energética, visando aumentar a eficiência e sustentabilidade no processo de fabricação de bioenergia.

O investimento será voltado para a construção de laboratórios e plantas piloto que simularão operações industriais, facilitando o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias. A previsão é que o Centro esteja em funcionamento até 2026. Do total investido, R$ 72 milhões serão financiados pela Shell, por meio da cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Foco na produção de etanol de segunda geração

O etanol de segunda geração, também conhecido como E2G, é produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar, um subproduto do etanol tradicional, tornando-o mais sustentável. Segundo Ricardo Mussa, presidente da Raízen, a empresa tem investido significativamente nessa tecnologia e já produz o E2G em escala comercial no Brasil. Atualmente, duas plantas estão em operação e mais sete estão em fase de construção em estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.

“A produção de E2G é essencial para aumentar a eficiência na produção de etanol sem a necessidade de expandir o cultivo de cana-de-açúcar”, destacou Mussa. O executivo também ressaltou que o etanol de segunda geração reduz em até 30% as emissões de gases de efeito estufa em comparação com o etanol tradicional e em 80% se comparado à gasolina.

Brasil lidera produção de etanol de segunda geração

O Brasil já se destaca como o maior produtor mundial de etanol de segunda geração. Mussa acredita que o país continuará a expandir sua liderança nesse setor, não apenas exportando o produto, mas também compartilhando a tecnologia com outros mercados. “O Brasil tem a capacidade de ser um grande exportador, tanto de etanol quanto da tecnologia envolvida em sua produção”, afirma.

A expectativa é que as pesquisas no novo Centro de Bioenergia ajudem a reduzir ainda mais o custo de produção do E2G, especialmente no que diz respeito ao consumo de enzimas e no reaproveitamento de subprodutos. Isso poderia tornar o biocombustível ainda mais competitivo no mercado internacional.

Colaboração do Senai no desenvolvimento tecnológico

O Senai desempenhará um papel central no projeto, organizando e coordenando as diversas disciplinas envolvidas no desenvolvimento das tecnologias de bioenergia. De acordo com Fabricio Lopes, gerente do Distrito Tecnológico do Senai-SP, o etanol de segunda geração é um processo complexo que exige conhecimentos especializados em áreas como biomassa e fermentação.

“O Centro de Bioenergia será crucial para organizar essa complexidade e acelerar a aplicação de novas tecnologias no setor”, explica Lopes. A criação de um ambiente de pesquisa que imite operações industriais permitirá testar e ajustar processos de forma mais eficiente.

Etanol como alternativa sustentável

Para Lauran Wetemans, vice-presidente da Shell na América Latina, o etanol é uma das melhores alternativas para o Brasil em sua transição energética. Ele enxerga o etanol como o “carro elétrico do Brasil”, devido ao seu potencial de reduzir as emissões de carbono e à facilidade de produção em um país com vastos recursos naturais.

Wetemans também destacou a importância da cláusula de PD&I da ANP, que incentiva a inovação no setor energético. Ele acredita que o Brasil não só exportará o etanol de segunda geração, como também consumirá cada vez mais bioenergia em diferentes setores, como o bioquímico e o bioplástico.

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