A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) identificou potencial na bacia da Foz do Amazonas para se tornar um centro de produção de gás natural, embora ainda não haja descobertas confirmadas na região. Estudos indicam que o desenvolvimento de uma rota de escoamento de gás, associada a uma unidade de processamento, poderia atrair investimentos de R$ 9,7 bilhões e gerar cerca de 23 mil empregos. Apesar dos desafios ambientais e incertezas exploratórias, a inclusão da bacia da Foz do Amazonas nos estudos da EPE reforça o interesse da companhia no futuro energético nacional.
Bacia da Foz do Amazonas possui alto potencial para produção de gás natural
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) projeta que a bacia da Foz do Amazonas pode se tornar um polo na produção de gás natural em um futuro próximo. Mesmo sem descobertas confirmadas na região, a EPE incluiu a Foz do Amazonas em seus estudos de planejamento de infraestrutura de gás, o Plano Indicativo de Processamento e Escoamento (Pipe).
A estimativa da companhia sugere que, se confirmado o potencial de gás na bacia da Foz do Amazonas, o desenvolvimento de uma rota de escoamento de 20 milhões de m3/dia, junto com uma unidade de processamento local, poderia atrair investimentos de R$ 9,7 bilhões na área. Esse investimento, por sua vez, poderia gerar um impacto no Produto Interno Bruto (PIB), estimado em R$ 5,1 bilhões, além de criar aproximadamente 23 mil empregos.
Além disso, a descoberta de gás na costa do Amapá poderia também incentivar o surgimento de um mercado de gás local. Há a possibilidade de os recursos da Foz do Amazonas serem destinados a uma planta de liquefação, permitindo sua comercialização tanto no Brasil como no mercado global de gás natural liquefeito (GNL).
A EPE também considera uma rota de escoamento que conectaria o bloco exploratório FZA-M-59 da Petrobras até uma unidade de processamento indicativa, próxima ao município de Calçoene (AP). No entanto, é importante ressaltar que o Pipe apresenta alternativas de projetos em nível conceitual, com estimativas de custos, e cabe aos agentes do mercado a decisão de investimento nos projetos mapeados.
Exploração de gás natural ainda enfrenta dificuldades
Apesar do potencial, a região da Foz do Amazonas enfrenta desafios, especialmente em questão ambiental. A EPE reconhece as incertezas exploratórias na região e destaca os desafios ambientais para o desenvolvimento dos projetos na nova fronteira da Margem Equatorial. O licenciamento para exploração na região também enfrenta resistências, incluindo consultas à Fundação Nacional do Índio (Funai) devido ao possível impacto em terras indígenas.
No entanto, a inclusão de projetos exploratórios na bacia da Foz do Amazonas pode descentralizar investimentos em exploração e produção, com impactos positivos na distribuição de renda e desenvolvimento regional e nacional. Além disso, pode contribuir para a transição energética da região Norte do país, promovendo o uso de gás natural em substituição a combustíveis mais poluentes.
Apesar das incertezas e desafios, a EPE mantém sua projeção de potencial na região. O planejamento de uma infraestrutura de gás na Foz do Amazonas está acontecendo após estudos sobre a avaliação de volumes na bacia. Ainda que a região seja pouco explorada atualmente, estudos recentes indicam um volume considerável de gás natural.
Dessa forma, ao sugerir uma rota de escoamento de gás até Calçoene, a EPE busca evitar interferências com unidades de conservação e terras indígenas. A empresa também prevê desvios do traçado para minimizar impactos sobre zonas sensíveis, como recifes e rodolitos.
O que é a bacia da Foz do Amazonas?
A bacia da foz do Amazonas é uma área geográfica que engloba a região de desembocadura do rio Amazonas, o maior rio em volume de água do mundo. Estende-se pelo norte do Brasil e inclui partes do estado do Amapá, Pará e Maranhão, além de se estender até o oceano Atlântico. Essa área é de extrema importância para o ecossistema global, sendo lar de uma rica biodiversidade, incluindo espécies únicas de plantas e animais.
