O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da inauguração da nova fábrica da farmacêutica EMS na manhã da última sexta-feira, 23 de agosto. A unidade, localizada no Brasil, será responsável pela produção dos medicamentos genéricos liraglutida e semaglutida, conhecidos por suas aplicações no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade. Essas moléculas, originalmente comercializadas sob os nomes Victoza, Ozempic, Saxenda e Wegovy pela empresa dinamarquesa Novo Nordisk, começaram a perder suas patentes em 2024, abrindo caminho para a produção de versões genéricas.
Carlos Sanches, presidente do grupo EMS, destacou a inovação que a produção dos peptídeos sintéticos representa para a indústria farmacêutica. Ele explicou que todo o processo de fabricação dos medicamentos, desde o insumo farmacêutico ativo (IFA) até o produto final, será realizado no Brasil. A produção também terá um alcance global, com a EMS planejando lançar os genéricos no mercado internacional.
“Com o vencimento da patente da liraglutida, pretendemos lançar o produto globalmente. Já submetemos o pedido de registro à FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, e esperamos começar as vendas em janeiro. Quando a patente do Ozempic expirar em 2026, também iniciaremos a comercialização no Brasil”, afirmou Sanches.
A produção nacional dos genéricos deve contribuir para a redução dos preços desses medicamentos para os consumidores brasileiros. Atualmente, os custos desses tratamentos são elevados, com uma caixa de liraglutida custando cerca de R$ 600 e a semaglutida variando de R$ 890 a R$ 1.915. Com a produção local, espera-se que esses valores diminuam, tornando os tratamentos mais acessíveis.
Os análogos do GLP-1, como liraglutida e semaglutida, funcionam imitando um hormônio natural que ajuda a controlar a saciedade e os níveis de açúcar no sangue. Esses medicamentos são amplamente utilizados no manejo do diabetes tipo 2 e na perda de peso e devem ser administrados sob supervisão médica.
Durante a cerimônia de inauguração, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou que a produção de polipeptídeos sintéticos pela EMS pode reduzir os efeitos colaterais e os custos para os pacientes. Ela mencionou que a aprovação desses medicamentos deve ocorrer até outubro. No entanto, a Novo Nordisk, fabricante das versões originais das moléculas, observou que apenas estudos científicos específicos podem comprovar a equivalência dos efeitos colaterais entre os medicamentos originais e seus genéricos.
A nova unidade de produção da EMS recebeu um investimento total de R$ 70 milhões, dos quais R$ 48 milhões foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Fábio Barros, diretor da fábrica, explicou que a planta tem capacidade para produzir até 20 milhões de doses por ano. A expectativa é que esses medicamentos também sejam disponibilizados para o Sistema Único de Saúde (SUS).
“Tradicionalmente, a EMS tem como foco o acesso a medicamentos e acreditamos que o SUS terá interesse em produtos como esses, especialmente devido à sua relevância para o tratamento de doenças crônicas como o diabetes”, afirmou Barros.
Em seu discurso, o presidente Lula ressaltou a importância de investir na indústria farmacêutica nacional para fortalecer a economia e garantir a competitividade global. Ele destacou o papel do SUS como comprador estratégico que pode impulsionar o crescimento da indústria farmacêutica no Brasil.
“O setor de saúde é um dos que mais cresce em todo o mundo, e precisamos de um novo salto estrutural para acompanhar esse crescimento. Investir em saúde é também investir em ciência e tecnologia”, disse Lula.
A inauguração da fábrica da EMS é parte de uma estratégia maior do governo federal para reduzir a dependência do Brasil de insumos e medicamentos importados. A unidade faz parte do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), um projeto que visa fortalecer a produção local de itens essenciais para o sistema de saúde público. A meta é alcançar um investimento de R$ 57,4 bilhões até 2026, combinando recursos públicos e privados.
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