Nos últimos dias, o mercado de petróleo registrou uma queda significativa nas cotações, resultando em impactos diretos nos preços dos combustíveis no Brasil. O valor do barril do petróleo Brent, referência global, caiu para níveis não vistos desde agosto de 2021. Essa desvalorização levou o preço da gasolina vendida pela Petrobras no mercado interno a se tornar 7% mais caro do que o valor praticado no exterior, segundo dados da Abicom (Associação dos Importadores de Combustíveis).
A queda do petróleo também afetou o preço do diesel, que agora está 4% acima da média global. A defasagem de preços que existia até o início de setembro, com a gasolina e o diesel sendo vendidos a preços menores no Brasil em comparação ao mercado internacional, foi eliminada devido à queda nas cotações do petróleo.
Contexto global da queda do petróleo
O preço do barril de petróleo começou a cair após a diminuição das tensões geopolíticas, especialmente com a retomada gradual das exportações de petróleo da Líbia, interrompidas anteriormente devido a conflitos internos. Além disso, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) reduziu suas previsões de crescimento da demanda global de petróleo para os próximos meses, citando a desaceleração da economia chinesa como um dos fatores de incerteza.
A China, maior consumidora mundial de petróleo, tem enfrentado uma desaceleração econômica que impacta diretamente as expectativas globais. O Produto Interno Bruto (PIB) chinês tem crescido abaixo das previsões, o que levou instituições financeiras a revisarem suas projeções para o crescimento do país até o final de 2024 e também para 2025.
Diante desse cenário, a Opep prevê que a demanda global por petróleo aumentará em 2,03 milhões de barris por dia até o final de 2024, uma queda em relação às estimativas anteriores de 2,11 milhões de barris por dia. Para 2025, a previsão de crescimento da demanda também foi reduzida para 1,74 milhão de barris por dia, abaixo dos 1,78 milhão de barris estimados anteriormente.
Impacto no Brasil e na Petrobras
Com o petróleo sendo negociado a US$ 69,19 na terça-feira, 10 de setembro, e registrando uma leve recuperação para US$ 70 no dia seguinte, o preço praticado pela Petrobras no Brasil já está acima do valor internacional. A estatal, que costumava seguir o Preço de Paridade de Importação (PPI) para definir os preços dos combustíveis, agora adota uma política de precificação mais focada em fatores internos, como a produção nacional.
Desde 2023, a Petrobras ajustou sua política de preços, passando a considerar menos o PPI e focando em aspectos internos, como custos de produção e a demanda doméstica. A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, declarou recentemente que, apesar da queda nas cotações do petróleo, a empresa não pretende fazer ajustes imediatos nos preços da gasolina e do diesel no Brasil.
A estratégia da Petrobras de manter os preços acima da média global pode ser explicada pela necessidade de recompor o caixa da empresa, após meses de defasagem em relação aos preços internacionais. Embora os números atuais possibilitem uma redução dos preços dos combustíveis no Brasil, isso não é uma regra, e ajustes podem demorar a acontecer.
Efeitos econômicos da queda do petróleo
A queda nos preços do petróleo tem um impacto direto na economia global. Por um lado, a desvalorização da commodity pode contribuir para a redução da inflação em vários países, inclusive no Brasil. Produtos derivados do petróleo, como a gasolina, tendem a ter seus preços ajustados, o que pode aliviar a pressão sobre os índices de inflação.
Por outro lado, a queda do petróleo afeta negativamente o desempenho financeiro das grandes petroleiras. As ações da Petrobras, por exemplo, sofreram uma desvalorização de 1,6% na terça-feira, 10 de setembro, em reação à queda das cotações globais. Na quarta-feira, 11 de setembro, houve uma recuperação tímida de 0,13%, refletindo a leve alta no preço do barril de petróleo.