Descoberta inusitada: poços de petróleo abandonados podem conter nova fonte de lítio

A mineração de lítio é uma das atividades mais importantes para a transição energética, já que o mineral é essencial para a produção de baterias de carros elétricos e armazenamento de energia. Nos últimos anos, várias Startups têm buscado novas formas de extrair lítio de maneira mais eficiente e sustentável.

Uma das possibilidades é a extração direta de salmoura debaixo de poços de petróleo abandonados, onde o recurso é mais ou menos estimado e a maioria da perfuração já foi realizada. Essa técnica pode se tornar a próxima grande novidade na mineração de lítio e contribuir para a redução dos impactos ambientais associados à extração do mineral.

Poços de petróleo abandonados podem conter lítio

Muitos dos poços de petróleo, anteriormente utilizados para a extração de óleo, foram esgotados e abandonados, deixando vastas extensões, que quando aproveitáveis, são ocupadas por plantações de trigo, enquanto algumas são apenas cavidades preenchidas com cimento.

No entanto, o que permanece sob a superfície são grandes depósitos de água salgada conhecidos como salmoura, contendo traços do valioso lítio, componente essencial das baterias de carros elétricos. Startups da indústria de mineração estão apostando que um dia poderão extrair lítio desses aquíferos subterrâneos em grande escala.

Tecnologia em fase de desenvolvimento

A extração direta de lítio a partir de salmoura em poços de petróleo abandonados ainda está em seus estágios iniciais de desenvolvimento, mas as startups que trabalham nessa tecnologia acreditam que podem alcançar avanços em breve. Se isso acontecer, essa técnica de extração pode perturbar a indústria de mineração de lítio, oferecendo uma alternativa menos destrutiva e mais eficiente no uso de recursos, especialmente água doce.

A extração em poços abandonados pode ser mais fácil de ser licenciada, uma vez que as perfurações já foram realizadas e os poços podem estar em áreas acessíveis, em comparação com muitos depósitos tradicionais de lítio que ficam em regiões remotas sem infraestrutura.

Nova tecnologia fará uma extração menos danosa ao meio ambiente

Um desafio que a nova tecnologia de extração de lítio precisa superar é a dependência de produtos químicos específicos para separar o mineral da salmoura, o que pode variar conforme as características do local de extração.

Apesar disso, os fundadores das startups que trabalham nessa tecnologia estão otimistas que podem aprimorá-la e alcançar a escala necessária para desafiar o método tradicional e mais prejudicial de extração desse mineral essencial para a transição energética.

Aumento na demanda de lítio

A demanda por lítio, juntamente com outros metais críticos como níquel e cobalto, está prevista para aumentar nos próximos anos e décadas devido à necessidade de produção de baterias para veículos elétricos. Um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) ressalta a importância de uma extração sustentável e eficiente desses materiais, uma vez que será necessário um aumento de dez vezes na produção para atender à demanda até 2030.

Segundo o relatório, serão necessárias a construção de cerca de 50 minas de lítio, 60 de níquel e 17 de cobalto nesse período para atender às metas de emissões líquidas de carbono. A demanda prevista por baterias de veículos elétricos deve crescer de 340 giga-watts/hora (GWh) para mais de 3.500 GWh até 2030.

Como o método atual para extração de lítio provoca impactos ao meio ambiente?

O alto consumo de água é um dos principais desafios enfrentados pelo método atualmente utilizado para a extração de lítio, ou “petróleo branco“. Para refinar uma tonelada de lítio, são necessários 2,1 milhões de litros de água — o que é suficiente para produzir as baterias necessárias para cerca de oitenta carros elétricos.

Essa característica da mineração de lítio é particularmente preocupante, já que a maioria das reservas conhecidas deste metal está localizada em áreas desérticas, onde a água é escassa e essencial para a sobrevivência da fauna, flora e das comunidades locais. Portanto, torna-se crucial o desenvolvimento de um novo método de extração que seja menos dependente de água.