Descoberta de campos em Namíbia traz de volta discussões sobre a Bacia de Pelotas

O mercado de petróleo nacional está assistindo a novas discussões sobre o futuro do setor no Rio Grande do Sul. Isso, pois a Bacia de Pelotas ganhou destaque com a possibilidade de exploração de petróleo, impulsionada pela recente descoberta de campos na Namíbia e indícios no Uruguai. Com a inclusão de 12 setores no leilão da ANP, marcado para 13 de dezembro, a região tem atraído o interesse de diversas empresas. No entanto, especialistas apontam para a necessidade de persistência e investimentos na pesquisa contínua para desvendar o potencial da Bacia de Pelotas, que poderia representar um novo capítulo na exploração de combustíveis no Brasil.

Exploração na região do Rio Grande do Sul volta a ser tema no setor

No cenário da exploração de petróleo, a Bacia de Pelotas, situada no Rio Grande do Sul, voltou ao centro das atenções com a esperança renovada de possíveis projetos futuros na região. Recentemente, a descoberta de campos de petróleo na Namíbia trouxe à tona a possibilidade de encontrar recursos semelhantes na Bacia de Pelotas, cujas características geológicas são semelhantes à região africana.

Além disso, indícios de reservatórios no Uruguai aumentam o otimismo dos pesquisadores para investimentos futuros. O geólogo Juliano Kuchle, professor adjunto do Instituto de Geociências da UFRGS, destaca a conexão histórica entre o Brasil e a África, quando o oceano Atlântico se formou.

Com três bacias semelhantes na época da formação do petróleo, a Bacia de Pelotas é considerada uma “irmã” da Namíbia, onde recentes descobertas de campos de petróleo impulsionaram o interesse na região. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) incluiu 12 setores da Bacia de Pelotas no 4º Ciclo de Oferta Permanente de Concessão, marcado para 13 de dezembro.

Com 165 blocos em oferta, localizados a 150 a 300 quilômetros da costa, a região atraiu um número significativo de empresas interessadas, refletindo um aumento no interesse de mercado para investimentos na área. O professor Kuchle ressalta que essa é a maior oferta de blocos na história da Bacia de Pelotas. A expectativa é que, pelo menos, uma empresa adquira um bloco na região, impulsionando os estudos de exploração.

Investimentos na Bacia de Pelotas ainda são considerados arriscados

Apesar do otimismo dos especialistas do setor, os investimentos na exploração de petróleo na Bacia de Pelotas são considerados arriscados, pois não há garantias de encontrar petróleo. Desde 1958, foram realizadas 20 tentativas de perfuração, sem sucesso. No entanto, a esperança persiste, e a oferta de blocos no leilão da ANP representa uma oportunidade única para a retomada das atividades na região.

A exploração em três fases envolve um alto investimento e risco. A primeira fase é exploratória, seguida pela fase de desenvolvimento, onde a empresa determina o volume da jazida e prepara a estrutura para a produção. A terceira fase é a produção, envolvendo o bombeamento de óleo e gás.

O professor Kuchle destaca a diferença entre a Bacia de Pelotas e as mais ricas do Brasil, como as bacias de Santos e Campos, que possuem características distintas, incluindo a ausência de pré-sal. No entanto, ele ressalta que a localização de petróleo muitas vezes depende da insistência e compara a busca na Bacia de Pelotas com a história de sucesso da Bacia de Campos, que demandou persistência até a 17ª tentativa para encontrar óleo.

Apesar das descobertas na Namíbia, é cedo para fazer comparações com o pré-sal ou outras bacias brasileiras devido à natureza incipiente do trabalho exploratório na região. Agora, os pesquisadores destacam a necessidade de investimentos em pesquisa contínua para entender melhor o potencial petrolífero da Bacia de Pelotas.