A demanda global de petróleo levará pelo menos um ano – e provavelmente muito mais – para retornar aos níveis pré-crise de 100 milhões de barris por dia (bpd), disse Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE). Gulf Intelligence em entrevista na quarta-feira.
O ritmo em que a demanda voltará dependerá principalmente do crescimento econômico global e da possibilidade de uma segunda onda de infecções por COVID-19, o que poderia garantir um retorno a bloqueios mais rígidos, disse Birol.
A AIE disse em seu Relatório do Mercado de Petróleo de abril que a pandemia de coronavírus havia eliminado uma década de crescimento da demanda de petróleo em meio às medidas de bloqueio sem precedentes em muitos países para conter a propagação do vírus. Em meados de abril, a AIE esperava que a demanda global de petróleo caísse 29 milhões de bpd em abril e um recorde de 9,3 milhões de bpd ano a ano em 2020.
Abril foi de fato um ‘abril negro’ para os mercados de petróleo e a indústria, Birol disse à Gulf Intelligence, recordando a primeira queda de todos os futuros do WTI Crude em território negativo.
A AIE, programada para divulgar seu Relatório do Mercado de Petróleo de maio na quinta-feira, continua vendo a demanda mundial de petróleo caindo este ano, apesar do abrandamento dos bloqueios em muitos países, segundo Birol.
Os números sobre demanda, oferta e excesso de oferta “ainda são muito preocupantes”, disse o chefe da AIE.
Questionado sobre o destino do patch de xisto dos EUA, que está reduzindo a produção de petróleo por razões econômicas devido aos preços insustentáveis do petróleo, Birol expressou otimismo de que após a crise, quando a demanda voltar a alguma forma de normalidade, o xisto dos EUA voltará a subir.
“O xisto voltará, talvez devagar, mas acho que uma das lições a serem aprendidas nesse período é que será muito rápido escrever o obituário do óleo de xisto”, disse o chefe da AIE à Gulf Intelligence.