No último mês, o Brasil interrompeu a exportação de energia hidrelétrica para Argentina e Uruguai, o que vem gerando impactos nas economias desses países. Essa decisão foi motivada pelo fim do período úmido no Brasil e pela necessidade de garantir o abastecimento interno de energia elétrica.
A medida está suspendendo uma receita que ajudava a reduzir os impactos nas tarifas dos consumidores brasileiros, conhecida como modicidade tarifária. Os países vizinhos agora precisarão buscar soluções alternativas urgentes para suprir sua demanda energética.
O Brasil vinha exportando energia excedente das hidrelétricas para Argentina e Uruguai, o que proporcionava uma receita adicional e contribuía para a modicidade tarifária. Entretanto, com o fim do período úmido, as chuvas que encheram os reservatórios do Brasil se tornaram escassas, levando à interrupção da exportação de energia hidrelétrica.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) informou que o último envio de energia para os dois países ocorreu em 11 de junho. Não existe um comando definitivo que estabeleça o fim da operação de exportação, caso haja demanda dos países vizinhos, excedente de energia no Brasil e disponibilidade de linhas de transmissão, o envio de energia hidrelétrica pode ser retomado.
A CCEE já havia alertado que essa interrupção ocorreria com o fim do período úmido, uma vez que a baixa demanda e o excesso de água levam as usinas a abrir as comportas e liberar água sem gerar energia, em um processo conhecido como “vertimento turbinável”.
Essa prática resultou em um considerável desperdício de energia hidrelétrica no Brasil, principalmente em usinas como Belo Monte, Jirau, Santo Antônio, Itaipu, Tucuruí, Furnas e São Simão. Até maio deste ano, o vertimento médio foi de 13,5 gigawatt-médios (GWm), equivalendo a mais do que o consumo de energia de toda a região Nordeste.
Para aproveitar melhor esse potencial energético desperdiçado, a CCEE implementou o Procedimento Competitivo para a Exportação de Vertimento Turbinável (EVT), permitindo que o Brasil vendesse mais de 4.200 megawatts (MW) médios em excedentes de energia elétrica aos vizinhos de janeiro a abril, arrecadando mais de R$ 466 milhões.
A interrupção da exportação de energia hidrelétrica tem impactos diretos nas economias da Argentina e do Uruguai, que dependem da importação de energia do Brasil para atender às suas necessidades. Os governos desses países ainda não divulgaram publicamente quais alternativas adotarão para suprir a demanda energética durante esse período.
No entanto, é possível considerar opções como o aumento da geração de energia por meio de outras fontes, como usinas termelétricas a gás, energia eólica, energia solar e biomassa, além de medidas para aumentar a eficiência energética e reduzir o consumo e o desperdício de energia.
Diante dessa nova realidade, Argentina e Uruguai devem traçar estratégias para garantir a continuidade do abastecimento energético para suas populações e setores produtivos. Essas estratégias podem envolver a implementação de medidas de racionamento de energia, incentivo à redução do consumo não essencial, adoção de políticas de eficiência energética em residências, empresas e setores industriais, bem como a diversificação de suas matrizes energéticas, aumentando a participação de fontes renováveis e reduzindo a dependência exclusiva da energia hidrelétrica importada.
Não há uma data exata estipulada pelo governo brasileiro para a retomada do fornecimento de energia hidrelétrica para Argentina e Uruguai. No entanto, o Brasil está comprometido em retomar o fornecimento assim que as condições permitirem.
Enquanto isso, os países afetados estão buscando estratégias para mitigar os impactos e garantir a continuidade do abastecimento energético, como mencionado anteriormente. A situação requer uma abordagem colaborativa e a adoção de medidas efetivas para assegurar o suprimento de energia e o desenvolvimento sustentável desses países vizinhos.
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