Uma parceria inédita e inovadora entre a PUCRS, por meio do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR), a empresa Repsol Sinopec Brasil (RSB) e e a startup alemã DACMa GmbH, desenvolverá um novo projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) com o objetivo de remover gás carbônico já existente na atmosfera e, assim, abater emissões de CO2 que já ocorreram. Com um investimento inicial estimado em R$ 60 milhões, este será o primeiro projeto que avaliará o desempenho de uma planta em escala experimental de captura direta do ar (DAC – sigla em inglês para Direct Air Capture) na América do Sul.
Projeto avaliará minuciosamente a remoção de co2
Batizado de DAC.SI (sigla em inglês para Direct Air Capture System Integration), o projeto foi concebido pelo IPR/PUCRS em conjunto com a RSB e irá avaliar de forma integrada o processo de remoção de dióxido de carbono direto da atmosfera e posterior armazenamento do CO₂ em reservatórios geológicos. Neste caso, em rochas basálticas, como estratégia de mitigação de efeitos climáticos.
O Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais da PUCRS, reconhecido pela pesquisa de ponta em CCS (sigla em inglês para Carbon Capture and Storage), será responsável pela: validação do desempenho da tecnologia de captura direta do ar (DAC) em condições de temperatura e umidade brasileiras, avaliação da reatividade do CO₂ nas rochas basálticas, bem como da possibilidade/potencial de mineralização e indicação de áreas no Brasil onde esse processo poderá ser realizado para ser validado como uma tecnologia de emissão negativa (NET – sigla em inglês para negative emission technology).
Retorno ambiental
O novo projeto, assinado no início de dezembro, visa um importante retorno ambiental, uma vez que atua como uma ferramenta que possibilita a neutralização de emissões já realizadas de CO2 e possibilita a descarbonização de alguns setores de mais difícil abatimento.
“Atualmente, temos tecnologias e ferramentas convencionais focadas na redução da emissão, especialmente relacionadas aos métodos de CCS e mudanças sociais. Porém, os métodos convencionais de mitigação das mudanças climáticas não se mostraram suficientes para combater os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente, sendo necessário desenvolver um conjunto complementar de tecnologias de remoção de dióxido de carbono da atmosfera (CDR – sigla em inglês para carbon dioxide removal)”, comenta o diretor do IPR Felipe Dalla Vecchia.
Nesse contexto, de acordo com Dalla Vecchia o grande diferencial deste projeto é o potencial de validação de uma tecnologia de emissão negativa, ou seja, que promove a remoção de emissões que já ocorreram. Dessa forma, ao reduzir o CO₂ na atmosfera, o projeto DAC.SI contribuirá para a redução dos impactos ambientais a partir da validação uma alternativa tecnológica NET, complementarmente às demais estratégias de abatimento de emissões de gases do efeito estufa.
Projeto de infraestrutura no campus da PUCRS.
Além do projeto de PD&I, também está sendo executado um projeto de infraestrutura no campus da PUCRS. O diretor do IPR conta que três obras estão em planejamento, sendo elas: 1) a preparação de uma área para receber uma planta experimental de captura direta do ar (DAC), com capacidade nominal para remoção de 300 tonelada por ano de CO2 da atmosfera, 2) a instalação de um sistema de energia solar de 10.000 kwh/mês para o fornecimento de energia de fonte renovável ao sistema DAC, evitando assim novas emissões durante o processo de remoção de CO₂ da atmosfera e 3) a implementação de um novo laboratório para a caracterização e validação de materiais para processos de captura CO₂ direto do ar (DAC). A estimativa é que a unidade de DAC esteja implementada e operacional em três anos.
Para o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da PUCRS Carlos Eduardo Lobo e Silva o novo projeto é motivo de orgulho e de esperança. “Este é um caso exemplar da excelência da pesquisa da PUCRS que traz melhorias diretas para a sociedade. Nossa excelência, reconhecida nacional e internacionalmente, não deve ser vista como fim em si, mas como uma riqueza no melhor sentido da palavra, que deve transbordar para a sociedade e para todos os níveis de ensino da PUCRS, transformando a vida das pessoas”, adiciona.
“Este é o projeto de pesquisa e desenvolvimento mais ambicioso lançado pela Repsol Sinopec Brasil, tanto em termos econômicos, como de impacto futuro esperado, como parte do processo de transição energética”, destaca José Javier Salinero, gerente de P&D da Repsol Sinopec.
“Como acreditamos que a colaboração é essencial para a inovação, e a inovação tecnológica é um dos pilares essenciais para a transição energética, nos aliamos à PUCRS, que possuiu um longo histórico na execução de projetos de PD&I na área de CCS (Carbon Capture and Storage), profissionais com competência no assunto e uma infraestrutura excelente, além de possuir um modelo de inovação aberto e flexível que se adequa à estrutura que um projeto desse porte necessita”, complementa Cassiane Nunes, pesquisadora da Repsol Sinopec e coordenadora do projeto DAC.SI.
Sobre a PUCRS
Com um ativo ecossistema de inovação, da graduação à pós-graduação, uma série de rankings nacionais e internacionais apontam a PUCRS como uma das melhores universidades do Brasil e da América Latina. Investigação científica de alto padrão, impacto social, aprendizagem contínua e um consolidado projeto de internacionalização fazem parte do dia a dia da instituição que tem seu Campus situado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e alunos de todo o País estudando no projeto que é pioneiro de educação à distância no País, o PUCRS Online.
Quando o assunto é susentabilidade, a PUCRS também administra a Reserva Particular do Patrimônio Natural Pró-Mata, a maior RPPN do Rio Grande do Sul, integrante do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração, iniciativa promovida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em suas ações e projetos, a PUCRS atua buscando contemplar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
Sobre a Repsol Sinopec Brasil
Presente no Brasil desde 1997, a Repsol Sinopec é pioneira na abertura do mercado de E&P e na exploração no pré-sal brasileiro. Hoje, é a quarta maior produtora de petróleo e gás do país, com uma média diária de produção em torno de 80 mil barris por dia, provenientes dos campos Sapinhoá, Lapa e Albacora Leste.
A RSB também é responsável pela descoberta do campo BM-C-33, ativo com capacidade de ser uma das principais fontes de fornecimento de gás natural do país. Desde 2010, a empresa forma uma joint venture entre o Grupo espanhol Repsol (60%) e o Grupo chinês Sinopec (40%). Desta forma, é uma sociedade controlada que adota os padrões de atuação do Grupo Repsol, que opera em toda a cadeia de valor da energia.