O estado de São Paulo está se consolidando como um dos principais polos de investimentos em data centers no Brasil. De acordo com o governador Tarcísio de Freitas, os aportes no setor devem atingir impressionantes R$ 70 bilhões nos próximos meses. A demanda crescente por centros de processamento de dados impulsiona não apenas a economia, mas também a necessidade de expandir fontes renováveis de energia, como a solar fotovoltaica e a bioeletricidade.
Durante um evento recente sobre transição energética, promovido pela revista Veja, o governador destacou que o estado já possui cerca de R$ 50 bilhões em projetos de data centers em andamento, com previsão de atingir a marca de R$ 70 bilhões em breve. Esses centros de dados são essenciais para o armazenamento e processamento das informações digitais, que crescem exponencialmente com a transformação digital das empresas e dos governos. No entanto, sua operação exige um consumo massivo de energia, o que coloca São Paulo na dianteira ao buscar soluções sustentáveis para suprir essa demanda.
Segundo Freitas, a chave para atrair investidores internacionais está na capacidade de São Paulo de oferecer uma combinação de infraestrutura de qualidade, mão de obra qualificada, disponibilidade de água e, principalmente, energia limpa e relativamente barata. Nesse contexto, o estado tem investido fortemente em ampliar sua capacidade de geração de energia solar e de bioeletricidade, especialmente a partir da biomassa da cana-de-açúcar.
A energia solar fotovoltaica, que há poucos anos não representava nenhuma fatia significativa da matriz energética paulista, já responde por cerca de 6% da produção total de energia do estado. Esse crescimento se deve, em grande parte, aos incentivos fiscais concedidos pelo governo nos últimos anos, que impulsionaram a instalação de novos parques solares e o desenvolvimento de tecnologias relacionadas.
A meta do governo é continuar expandindo esse segmento, visto que a energia solar oferece uma fonte limpa e inesgotável, além de ser uma solução prática para abastecer grandes instalações como os data centers, que precisam de fornecimento constante e estável de energia. “O estado tinha zero de fotovoltaica há poucos anos e hoje já tem 6% da sua produção em fotovoltaica. Foi um crescimento relevante, e que deve continuar nos próximos anos”, destacou o governador.
Além da energia solar, o governo de São Paulo aposta no setor sucroenergético para suprir parte da demanda energética dos data centers. O estado, conhecido por ser um dos maiores produtores de etanol do mundo, está agora diversificando o uso da cana-de-açúcar para além da produção de combustível. A biomassa gerada pelo setor está sendo utilizada para a produção de bioeletricidade, biogás e biometano, que são fontes limpas e renováveis.
De acordo com Tarcísio de Freitas, a cana-de-açúcar desempenhou um papel crucial na economia paulista durante a crise do petróleo dos anos 1970 e, agora, está sendo redescoberta como uma solução para os desafios atuais de segurança energética. O Plano Estadual de Energia de São Paulo para 2050 prevê investimentos da ordem de R$ 20 bilhões, com grande parte dos recursos vindo do setor privado, para o desenvolvimento de novas unidades de produção de biogás e biometano.
Atualmente, São Paulo conta com quase 180 usinas de bioenergia registradas, sendo que 70 delas estão próximas a gasodutos, facilitando a logística para o transporte de biometano. O governo tem dado incentivos para a instalação de biodigestores em propriedades rurais, aproveitando ao máximo o potencial do biogás e do biometano.
O objetivo é instalar pelo menos vinte novas unidades de produção nos próximos dois anos, garantindo assim a segurança energética necessária para sustentar o crescimento dos data centers. Outro ponto de destaque é a isenção do IPVA para caminhões e ônibus movidos a hidrogênio, biogás e biometano, como parte do esforço do estado em promover o uso de combustíveis sustentáveis.
São Paulo também está na vanguarda do desenvolvimento de tecnologias relacionadas ao hidrogênio, especialmente o hidrogênio verde, produzido a partir da reforma do etanol. Em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), Shell, Raízen e Senai CETIQT, o estado está testando a viabilidade dessa tecnologia com um posto de abastecimento que utiliza etanol para gerar hidrogênio e abastecer veículos movidos a célula de combustível.
Essa inovação resolve dois grandes desafios do hidrogênio: o transporte e o armazenamento. Utilizando a infraestrutura já existente do etanol, São Paulo consegue contornar essas barreiras e viabilizar o uso do hidrogênio como combustível limpo para o futuro.
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