Soja, macaúba, agave, palma, carinata e cártamo. Essas são algumas das matérias-primas que estão no radar das petroleiras para ampliar a produção de biocombustíveis no Brasil. A crescente demanda por novas alternativas tem motivado grandes investimentos de empresas como Petrobras, Shell, Acelen (do fundo Mubadala, dos Emirados Árabes) e Refinaria Riograndense. Juntas, essas petroleiras já aportaram ao menos US$ 20 bilhões (aproximadamente R$ 120 bilhões) em diversas iniciativas, como a construção de biorrefinarias, aquisição de terras e desenvolvimento de novas tecnologias para produção de diesel verde, querosene de aviação (SAF) e bunker renovável.
O investimento no setor reflete a crescente pressão das políticas ambientais globais e o compromisso do Brasil em contribuir com a redução das emissões de gases de efeito estufa. As petroleiras têm buscado fortalecer a produção de combustíveis verdes, que não só atendem à demanda interna, mas também colocam o Brasil como uma das principais potências globais na produção de biocombustíveis.
O avanço dos combustíveis verdes, como o diesel verde e o SAF, é uma resposta direta ao aquecimento global, atendendo às necessidades de setores como a aviação e a navegação, que têm buscado outras alternativas.
A Petrobras, por exemplo, pretende investir US$ 2,1 bilhões para ampliar a produção de biocombustíveis, com foco no diesel verde (HVO), um combustível 100% limpo. Atualmente, a companhia já comercializa o diesel coprocessado, com uma mistura de 5% de diesel verde.
A meta é expandir essa produção para 10%, com refinarias já preparadas e novos projetos, como a expansão nas refinarias de Pernambuco e Rio de Janeiro. Além disso, a empresa também se dedica a ampliar a utilização de fontes diversas, como soja e palma, além de parcerias com outras companhias do setor.
A produção de biocombustíveis tem se tornado cada vez mais competitiva no Brasil, com avanços em tecnologia e inovações que garantem a viabilidade econômica de alternativas limpas. Embora o preço do diesel verde ainda seja mais alto em relação ao diesel fóssil, as petroleiras acreditam que o aumento da produção e a ampliação da escala de mercado farão com que esses combustíveis se tornem mais acessíveis nos próximos anos.
A tendência é que as fontes alternativas, como o SAF, ganhem mais espaço no mercado global, especialmente na Ásia, Europa e Estados Unidos, onde a demanda por combustíveis verdes tem crescido consideravelmente.
O governo brasileiro também desempenha um papel importante no incentivo à produção de biocombustíveis, com a recente oficialização do programa “Combustível do Futuro”, que visa ampliar a produção e consumo de diesel verde e outros biocombustíveis. O desafio, no entanto, ainda está em garantir que as regulamentações, tributação e logística acompanhem o crescimento do mercado.
Especialistas como Ana Mandelli, do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), destacam que, para que o Brasil aproveite ao máximo seu potencial de fontes alternativas, é necessário alinhar as políticas públicas e os investimentos privados, garantindo que o país continue a ser líder mundial na produção de combustíveis verdes. A diversificação das fontes de matéria-prima, incluindo soja, macaúba e resíduos agroindustriais, é uma estratégia-chave para garantir a competitividade da indústria de biocombustíveis no Brasil.
O investimento das petroleiras em fontes alternativas não é limitado às grandes empresas. Muitas companhias menores, como a gaúcha Riograndense, também estão se preparando para entrar no mercado de combustíveis verdes. A empresa, com apoio de grandes acionistas como Petrobras e Braskem, está se preparando para iniciar a produção comercial de diesel e SAF a partir de 2025, com investimentos de US$ 900 milhões.
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