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CMM e Wärtsilä iniciam desenvolvimento de embarcações de apoio marítimo com etanol

A CMM e a Wärtsilä anunciam o desenvolvimento de embarcações de apoio marítimo movidas a etanol, visando reduzir emissões de GEE.

by Andriely Medeiros
A CMM e a Wärtsilä anunciam o desenvolvimento de embarcações de apoio marítimo movidas a etanol, visando reduzir emissões de GEE.

A Compagnie Maritime Monégasque (CMM) e a Wärtsilä anunciaram um novo e ambicioso projeto para a construção das primeiras embarcações de apoio marítimo movidas a etanol. Esse desenvolvimento é um marco na indústria naval, com foco na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e na transição para fontes de energia mais limpas.

Iniciativa colaborativa da CMM e Wärtsilä para embarcações de apoio marítimo

O projeto é resultado de um memorando de entendimento (MoU) assinado entre as duas empresas em 20 de agosto de 2024. A parceria visa desenvolver uma nova geração de barcos de apoio marítimo (PSVs) que utilizarão a plataforma de motores multicombustíveis da Wärtsilä. Essa iniciativa está alinhada com os esforços globais para minimizar o impacto ambiental das operações marítimas.

A Wärtsilä, uma empresa finlandesa renomada por sua expertise em soluções energéticas sustentáveis, já havia realizado testes em seus motores multicombustíveis no início deste ano. Esses testes, conduzidos em seu laboratório em Vaasa, Finlândia, confirmaram a viabilidade de operar com uma gama diversificada de combustíveis, incluindo etanol, diesel, biodiesel, óleo combustível pesado (HFO) e metanol.

Apoio do Fundo da Marinha Mercante Brasileira

No Brasil, a CMM já deu passos significativos para a implementação desse projeto. A empresa obteve aprovação financeira preliminar do Fundo da Marinha Mercante Brasileira (FMM) para a construção de dez navios de apoio offshore (OSVs). Esses navios serão parte fundamental do esforço para integrar o etanol como um combustível viável e sustentável nas operações marítimas.

O uso de etanol nas embarcações de apoio marítimo representa uma inovação no setor, uma vez que até agora o etanol tem sido predominantemente utilizado em setores terrestres, especialmente no Brasil, que é um dos maiores produtores mundiais de biocombustíveis.

Brasil e a transição energética marítima

O Brasil, com sua vasta experiência em biocombustíveis, pretende ser um protagonista na transição energética do setor marítimo. Durante a próxima reunião da Organização Marítima Internacional (IMO), marcada para 30 de setembro de 2024, o país planeja apresentar suas iniciativas relacionadas ao uso de biocombustíveis no setor naval. A principal proposta brasileira é que sejam consideradas as particularidades regionais na avaliação da intensidade de carbono dos combustíveis de origem agrícola.

A proposta do Brasil é um esforço para demonstrar que o uso da terra no país é mais sustentável do que o padrão europeu atualmente reconhece. Esse movimento pode abrir portas para que biocombustíveis, como o etanol, sejam mais amplamente adotados no transporte marítimo global, contribuindo significativamente para a redução das emissões de GEE.

Avanços na regulação internacional acompanham projeto de embarcações de apoio marítimo

A iniciativa da CMM e da Wärtsilä está em sintonia com as discussões em andamento na IMO sobre a transição do setor naval para o net zero. Em março de 2024, o Comitê de Proteção do Ambiente Marinho (MEPC 81) da IMO já havia concordado com a estrutura de um possível “zero líquido” para as embarcações. Esta estrutura incluirá uma série de regulamentos destinados a criar um novo padrão global para o uso de combustíveis no transporte marítimo.

Um dos aspectos mais debatidos desta nova estrutura é a implementação de um mecanismo de preços para as emissões de GEE provenientes do setor marítimo. A arrecadação gerada por esse mecanismo deverá ser utilizada para financiar a transição para fontes de energia mais limpas, ajudando a impulsionar projetos como o da CMM e Wärtsilä.

A expectativa é que essas novas regulamentações estejam completamente definidas até 2025, estabelecendo um novo marco regulatório para a indústria naval e, possivelmente, tornando o etanol uma escolha viável para navios em todo o mundo.

A colaboração entre a CMM e a Wärtsilä representa um avanço significativo no esforço global para descarbonizar o transporte marítimo. A utilização do etanol como combustível em embarcações de apoio marítimo não apenas alinha-se com os objetivos de sustentabilidade, mas também oferece uma alternativa viável e escalável para o setor.

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