A Cimed, uma das principais farmacêuticas do Brasil, anunciou um plano de investimento ambicioso para os próximos cinco anos, totalizando R$ 3,5 bilhões. O foco da empresa está em aumentar sua capacidade produtiva e fortalecer sua presença no mercado de bens de consumo, com a meta de se tornar a “Procter & Gamble brasileira”, conforme afirmou seu presidente, João Adibe, em entrevista ao Valor Econômico.
Investimentos estratégicos da Cimed para aumentar capacidade produtiva
Do total de R$ 3,5 bilhões, R$ 2 bilhões serão destinados ao aumento da capacidade produtiva da Cimed. Atualmente, a empresa opera duas plantas em Pouso Alegre, Minas Gerais, com uma capacidade de produção de 50 milhões de unidades por mês. A meta é dobrar essa capacidade para 100 milhões de unidades mensais nos próximos cinco anos.
A produção atual é dividida entre medicamentos genéricos, que representam 60% do volume, e bens de consumo, que correspondem aos outros 40%. Produtos como a linha de suplementos vitamínicos Lavitan e os hidratantes labiais da Carmed são alguns dos principais destaques da empresa nesse segmento.
Expansão geográfica e tecnológica
Além do aumento da produção, a Cimed estuda a instalação de uma terceira fábrica, que pode ser localizada nas regiões Norte ou Nordeste do Brasil. A escolha por essas regiões faz parte de uma estratégia de diversificação geográfica e de ampliação do alcance de distribuição da empresa, que atualmente cobre 90 mil pontos de venda por meio de 27 centros de distribuição em todo o país.
Para melhorar a eficiência e a gestão de suas operações, a empresa também está reservando R$ 200 milhões para a implementação de ferramentas de inteligência artificial e softwares de gestão de vendas da Salesforce. Essas tecnologias são vistas como fundamentais para otimizar processos e melhorar o atendimento ao varejo farmacêutico.
Fortalecimento do portfólio de produtos da Cimed
A Cimed possui um portfólio de 600 produtos, que continua a ser ampliado. Recentemente, a empresa expandiu sua linha de produtos Carmed, em parceria com a Fini, após a linha gerar R$ 1 bilhão em receita para as farmácias desde o ano passado. Essa parceria reflete a estratégia da Cimed de diversificar suas ofertas e atrair diferentes segmentos de consumidores.
Apesar da expansão contínua do portfólio, a Cimed optou por não investir em vendas diretas ao consumidor, uma decisão estratégica que, segundo Adibe, visa fortalecer as relações com o varejo. “Meu foco é entregar ao varejo”, afirmou o presidente da empresa, reforçando que a Cimed continuará a investir na ampliação de sua rede de distribuição.
Cimed foca nos planos de aquisição e mercado de bens de consumo
A tentativa de aquisição da Jequiti, empresa de cosméticos do Grupo Silvio Santos, foi descartada pela Cimed. No entanto, João Adibe revelou que a empresa continua atenta a novas oportunidades de aquisição que possam complementar seu portfólio de produtos e fortalecer sua posição no mercado.
Os planos da Cimed de crescer no mercado de bens de consumo são comparados por especialistas ao movimento da Hypermarcas, que também tentou diversificar seu portfólio de produtos antes de se consolidar como Hypera Pharma, focando novamente em medicamentos. Analistas acreditam que a estratégia da Cimed pode ser bem-sucedida devido à sua ampla rede de distribuição e capacidade de penetração no mercado varejista.
A Cimed traçou metas ambiciosas para os próximos anos. A empresa espera atingir um faturamento de R$ 5 bilhões em 2025 e alcançar a marca de R$ 10 bilhões até 2029. Em 2023, a receita líquida da Cimed totalizou R$ 2,25 bilhões, representando um aumento de 15,9% em relação ao ano anterior. Esses números reforçam o compromisso da empresa com o crescimento e a inovação no setor farmacêutico e de bens de consumo.