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Cientistas desenvolvem tecnologia inédita para produzir energia solar na água do oceano e lagos

Energia solar de um jeito diferente para suprir a falta de espaço.

by Daiane
Cientistas desenvolvem tecnologia para produzir energia solar na água do oceano e lagos

Você já ouviu falar sobre energia solar aquática? Essa é uma realidade em países com pouco espaço. Está emergindo uma nova categoria de usina fotovoltaica, a qual é construída sobre lagos, lagoas e reservatórios, caracterizando-se pelos painéis solares flutuantes que repousam sobre a superfície da água. A instalação desse sistema oferece diversas vantagens em relação aos sistemas solares terrestres convencionais, entre elas a conservação do solo, a eficiência energética e a redução das perdas hídricas.

Um conjunto de pesquisadores liderados pelo cientista chinês Zeng Zhenzhong, em consonância com um relatório publicado pelo Science and Technology Daily, avaliou o potencial desses sistemas fotovoltaicos flutuantes (FPV) no que se refere à oferta energética e à conservação hídrica em âmbito global.

O aumento do uso de energia ao nível global e a implementação de metas de sustentabilidade para diminuir as emissões de carbono decorrentes do uso de combustíveis fósseis impulsionam a demanda por fontes de energia limpa. Nesse cenário, a tecnologia FPV surge como uma fornecedora promissora de energia limpa, uma vez que economiza recursos terrestres e potencializa a eficiência da produção energética por meio do efeito de resfriamento da evaporação da água.

Zeng Zhenzhong, um cientista ambiental que atua na Southern University of Science and Technology, liderou uma equipe de pesquisadores da China, Estados Unidos, Tailândia e outros países na análise do potencial de contribuição dos sistemas FPV no que se refere à oferta energética e à conservação hídrica.

Dados sobre a nova tecnologia e possibilidades em escala mundial

Com base em três bancos de dados de reservatórios globais e em uma simulação realista de sistema fotovoltaico baseado no clima, a equipe calculou que a geração potencial de eletricidade por sistemas de energia solar fotovoltaica (FPV), com uma abrangência de 30% em 114.555 reservatórios globais, alcança cerca de 9.434 terawatts-hora (TWh) anualmente. A China detém mais de 15.000 reservatórios que apresentam potencial para uso de sistemas FPV, ocupando o segundo lugar em quantidade no mundo.

Segundo o estudo, o país possui capacidade de gerar 1 TWh de energia FPV por ano. Em regiões do oeste da China, onde a irradiação solar é mais intensa, algumas cidades poderiam satisfazer completamente suas necessidades energéticas por meio da eletricidade FPV gerada pelos reservatórios, enquanto nas regiões central e sul da China, a produção de eletricidade FPV ainda não é o suficiente por um tempo mais prolongado, afirmou Jin Yubin, o primeiro autor do estudo e também membro da Southern University of Science and Technology.

Muitos projetos de energia solar FPV foram implementados na China nos últimos anos. Em Huainan, província de Anhui, no leste da China, um projeto foi instalado em uma área que antes era utilizada para mineração de carvão.

Em 40 países em desenvolvimento, a capacidade de produção de energia solar fotovoltaica supera em muito a demanda atual por eletricidade.

O estudo evidenciou que as nações em fase de desenvolvimento possuem maior potencial para o crescimento da energia solar fotovoltaica (FPV). No caso do Brasil, sua necessidade anual de eletricidade, que chega a 538 TWh, poderia ser plenamente suprida com o avanço da tecnologia FPV. Já em seis países, tais como Zimbábue, Laos, Etiópia, Camarões, Mianmar e Sudão, cujos reservatórios são abundantes, a capacidade de produção de energia solar fotovoltaica é de três a dez vezes maior do que a sua demanda atual por eletricidade.

A China, que adquiriu expertise no desenvolvimento doméstico de tecnologia FPV, está cooperando com outras nações para construir projetos relacionados à tecnologia. Em 6 de dezembro de 2022, o maior projeto FPV do país foi conectado à rede da Tailândia, em uma empreitada conjunta entre os dois países, gerando 95 milhões de kWh de energia elétrica anualmente.

O projeto FPV instalado na barragem de Sirindhorn, fruto da parceria sino-tailandesa, entrou em operação comercial em outubro de 2021.

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