Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão à frente de um projeto inovador para desenvolver uma vacina nacional contra a Mpox, doença anteriormente conhecida como varíola dos macacos. Este esforço é parte de uma resposta global à crescente preocupação com a disseminação do vírus, especialmente após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado emergências globais sucessivas em função da Mpox.
A Mpox ganhou notoriedade mundial nos últimos anos devido ao aumento de casos em diversas regiões do planeta. A doença, que pode causar erupções cutâneas severas e, em alguns casos, levar à morte, tem sido um foco de preocupação, especialmente em países africanos, onde a infraestrutura de saúde é frequentemente limitada. Diante desse cenário, a necessidade de uma vacina eficaz se tornou uma prioridade para a comunidade científica global.
No Brasil, a resposta ao desafio da Mpox tem sido liderada por cientistas da UFMG, em colaboração com a Rede Vírus, uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que reúne especialistas em virologia de todo o país. A vacina em desenvolvimento na UFMG é considerada uma das principais prioridades dessa rede, que também estuda outros vírus emergentes que podem representar ameaças para a saúde pública no Brasil.
Um dos pilares do desenvolvimento da vacina na UFMG é a parceria com o Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos. O NIH forneceu aos pesquisadores brasileiros um material biológico crucial para o desenvolvimento da vacina: o vírus Vaccínia Ankara Modificado, conhecido como vírus-semente. Esse patógeno é uma versão atenuada do vírus da Mpox, incapaz de se replicar em mamíferos, mas ainda capaz de induzir uma resposta imunológica no corpo humano.
O próximo passo no desenvolvimento da vacina envolve a replicação do vírus-semente em laboratório para a produção em larga escala do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA). A produção do IFA é essencial para a fabricação da vacina em grandes quantidades, o que pode viabilizar sua futura incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o acesso à imunização contra a Mpox em todo o Brasil.
Apesar dos avanços promissores, a vacina contra a Mpox desenvolvida pela UFMG ainda não foi testada em humanos. Os pesquisadores estão atualmente focados na otimização dos processos laboratoriais para garantir a segurança e eficácia do imunizante antes de iniciar os ensaios clínicos. Se bem-sucedida, essa vacina poderá ser uma alternativa importante para o combate à Mpox, especialmente em países em desenvolvimento, onde o acesso a vacinas produzidas por grandes farmacêuticas é limitado.
Atualmente, existem duas vacinas autorizadas pela OMS para o combate à Mpox: a Jynneos, fabricada pela empresa dinamarquesa Bavarian Nordic, e a ACAM 2000, produzida pela norte-americana Emergent BioSolutions. No entanto, ambas as vacinas enfrentam desafios relacionados à capacidade de produção, insuficiente para atender à demanda global, particularmente em regiões como a África, onde são necessárias milhões de doses.
A produção de uma vacina nacional contra a Mpox pela UFMG representa não apenas um avanço científico, mas também uma estratégia crucial para garantir a soberania sanitária do Brasil. Com a capacidade de produzir sua própria vacina, o país pode responder de maneira mais eficaz a surtos futuros, sem depender exclusivamente de vacinas importadas, que podem ser escassas em momentos de alta demanda global.
O trabalho dos cientistas da UFMG na criação de uma vacina brasileira contra a Mpox é um exemplo de como a pesquisa nacional pode contribuir significativamente para a saúde pública, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo. À medida que os estudos avançam, a expectativa é que essa vacina possa se tornar uma ferramenta fundamental na prevenção da Mpox, ajudando a proteger milhões de pessoas contra uma doença que, embora menos conhecida do que outras, representa uma ameaça real à saúde global.
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