A China deu um passo significativo em sua busca por uma matriz energética mais sustentável e equilibrada. Na terça-feira, 6 de agosto, a Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (CNRD) do país revelou um novo plano de atualização do sistema energético que se estenderá de 2024 a 2027. Este plano visa não apenas aumentar o uso de energias renováveis, mas também gerenciar a crescente demanda por energia, que vem pressionando a rede elétrica nacional.
O principal objetivo do plano é ajudar a China a cumprir sua meta de atingir um pico nas emissões de carbono antes de 2030, conforme prometido em acordos internacionais e políticas nacionais. Para isso, o documento delineia estratégias para melhorar os sistemas de transmissão e distribuição de energia, focando em uma rede elétrica mais flexível e capaz de integrar fontes de energia renovável intermitentes, como solar e eólica.
Uma das principais metas estabelecidas é a de melhorar a resposta à demanda, um conceito que visa equilibrar a oferta e a demanda de energia. Isso será feito incentivando os consumidores a usarem eletricidade fora dos horários de pico, um desafio cada vez mais evidente devido ao aumento das temperaturas e da demanda por energia em áreas como o leste da China.
A CNRD sublinhou a importância de aumentar a participação das energias renováveis nos projetos de transmissão de energia de longa distância, especialmente aqueles que transportam eletricidade de grandes usinas no oeste do país para as regiões mais industrializadas e populosas do leste. Este movimento é essencial para reduzir a dependência de fontes de energia não renováveis e para aproveitar ao máximo os vastos recursos naturais da China, como o potencial solar no deserto de Gobi.
Além disso, o plano sugere a criação de padrões para a próxima geração de usinas movidas a carvão. Isso inclui a mistura de carvão com combustíveis de baixo carbono e a redução das emissões das usinas existentes. Embora o carvão continue sendo uma parte significativa da matriz energética chinesa, essas medidas visam reduzir seu impacto ambiental.
Apesar dos avanços propostos, o plano não aborda alguns aspectos críticos do mercado de energia, como a reforma do mercado e a criação de um ambiente mais competitivo para alocação eficiente de recursos. Atualmente, a maioria das transações de energia na China é realizada por meio de contratos de médio e longo prazo, limitando a flexibilidade e a eficiência do mercado.
Xuewan Chen, analista de transição energética da London Stock Exchange Group (LSEG), destacou que a falta de um mercado de energia competitivo pode prejudicar a eficácia das novas políticas. Segundo ela, a reforma do mercado é essencial para a China alcançar seus objetivos energéticos de forma sustentável e eficaz.
Outro ponto abordado no plano é a melhoria da infraestrutura de recarga de veículos elétricos. Com o aumento da adoção de veículos elétricos na China, a demanda por eletricidade tem crescido, especialmente nas grandes cidades. Para lidar com isso, o plano propõe a implementação de novos sistemas de programação da rede em áreas com alta demanda e a atualização do armazenamento de energia em usinas renováveis, que muitas vezes não é utilizado de forma eficaz.
Essas atualizações são vistas como essenciais para apoiar o crescimento do mercado de veículos elétricos na China e para garantir que a infraestrutura esteja preparada para lidar com o aumento da demanda no futuro.
O plano de atualização energética da China é um passo importante para a transição do país para uma economia mais sustentável e de baixo carbono. Ao focar no aumento do uso de energias renováveis, na melhoria da infraestrutura e na resposta à demanda, a China mostra seu compromisso com as metas climáticas globais e com a modernização de sua rede elétrica.
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