Afeganistão e China assinaram um contrato para a exploração do petróleo da bacia de Amu Daría, localizada no norte do país. Esse é o primeiro acordo internacional fechado pelo governo liderado pelo Talibã desde que voltou ao poder em 2021.
Segundo informações fornecidas pelas autoridades de Cabul, o contrato concederá à empresa chinesa Xinjiang Central Asia Petroleum and Gas o direito de explorar petróleo na região, a validade do acordo é de 25 anos e deverá elevar a receita do governo afegão.
Segundo o ministro interino afegão de Minas e Petróleo, a empresa deverá investir R$ 790 milhões inicialmente e desembolsar até R$ 2,6 bilhões nos três anos seguintes para conseguir explorar os cinco blocos de petróleo e gás que estão localizados m uma área de 4.500 quilômetros quadrados.
A assinatura do contrato foi realizada em Cabul e contou com a presença do embaixador chinês no Afeganistão e do vice-primeiro-ministro do Talibã para Assuntos Econômicos.
O vice-primeiro-ministro contou que a assinatura do contrato “fortalecerá a economia afegã e elevará o nível de independência de petróleo”. Já o embaixador chinês afirmou que o contrato irá apoiar o esforço afegão pela autossuficiência.
O Talibã terá ainda uma porcentagem de 20% no projeto, com expectativa de subir para 75%, a produção deve começar com 200 toneladas de petróleo por dia e aumentar para mil toneladas posteriormente. A estimativa é a de que os blocos contenham 87 milhões de barris de petróleo.
Os derivados do petróleo afegão deverão ser processados dentro do país e o combustível bruto não poderá ser exportado, por tanto, a Capeic deverá construir a primeira refinaria de petróleo bruto do Afeganistão. Havia um contrato firmado entre o governo anterior para assumir os mesmos projetos em 2011, contudo foi cancelado pelo ex-presidente Ashraf Ghani por falta de progresso.
Segundo Raffaello Pantucci, membro do Royal United Services Institute, o regime fundamentalista considerou a retomada do projeto significativa, pois seus investimentos até o momento vinham apenas de empresários privados. O acordo deve criar cerca de 3 mil oportunidades de emprego para os afegãos.
O Talibã espera que a China aumente seus investimentos em recursos petrolíferos do país e vê os investimentos como uma forma de melhorar a economia interna que quase entrou em colapso depois que a ajuda internacional foi interrompida em 2021. O último acordo anunciado pelo governo Talibã foi o fornecimento de gasolina, diesel, gás e trigo para a Rússia em setembro do ano passado.
Inúmeras vezes o Talibã pediu a empresas internacionais investimentos em recursos naturais do país, contudo a condenação internacional pelas leis que impedem as mulheres de estudar e trabalhar impediram qualquer negociação até o momento. A China afirmou que não irá intervir em assuntos internos do país.
A comunidade global não reconheceu oficialmente o governo do Talibã, porém, China, Rússia e Paquistão continuam com estreitos laços políticos e econômicos com o governo. Os recursos ainda não explorados do país são estimados em mais de US$ 1 trilhão, todavia os investidores estrangeiros interessados são desestimulados pelos seus constantes conflitos internos.
O regime tem buscado reconhecimento global como governo desde que voltou ao poder, porém suas repressões ao povo afegão tem impedido qualquer perspectiva de melhora em sua relação internacional.
A maior necessidade do Afeganistão é se fortalecer financeiramente, o país possui bilhões de dólares congelados em bancos dos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio, mas devido ao não reconhecimento internacional do atual governo não existe nenhuma previsão da liberação dos valores retidos, mesmo com os constantes apelos por parte do Talibã.
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