A Chevron, uma das gigantes da indústria do petróleo, anunciou na última segunda-feira, 23, uma megafusão que envolve a compra da Hess em uma transação de ações no valor impressionante de US$ 53 bilhões. Essa aquisição é vista como um movimento ousado da Chevron, que dobra sua aposta na demanda contínua por combustíveis fósseis. A decisão da Chevron vem na esteira de outra grande fusão no setor, onde a ExxonMobil pagou US$ 60 bilhões pela Pioneer no início do mês.
Empresas petrolíferas buscam consolidar seu domínio em meio a dúvidas sobre o futuro do setor
A transação envolveu uma relação de troca de 1,025 ações da Chevron para cada ação da Hess, equivalente a US$ 171 por ação. Esse valor oferecido pela Chevron representa um prêmio de apenas 4,9% em relação ao preço de mercado e um aumento de 10% em comparação à média dos últimos 20 pregões. Levando em conta as dívidas envolvidas, o valor total da Hess na operação foi de impressionantes US$ 60 bilhões.
O anúncio dessa fusão não poderia ter vindo em momento mais oportuno, considerando que as empresas de petróleo americanas estão em busca de oportunidades para investir a montanha de caixa acumulada nos últimos anos, especialmente em meio à crise energética global. No entanto, também é um movimento ousado, uma vez que o setor de petróleo enfrenta incertezas quanto ao seu futuro de longo prazo, dado que muitos países estão empenhados em reduzir sua dependência de combustíveis fósseis.
Enquanto a Chevron e a Exxon optam por aumentar sua presença no setor, confiantes em uma demanda resiliente por petróleo, as empresas petrolíferas europeias, como a BP e a TotalEnergies, têm direcionado pesados investimentos para energias renováveis.
Chevron aposta em aumento da produção de petróleo enquanto crescem os investimentos em energia renovável
A aquisição da Hess pela Chevron resultará em um aumento de mais de 10% na produção de petróleo da Chevron, que atualmente gira em torno de 3 milhões de barris de óleo equivalente por dia. A Hess, por sua vez, produz 387 mil barris por dia, a maior parte proveniente de um campo na Guiana. Vale destacar que a Hess detém uma participação de 30% em um campo offshore de 6,6 milhões de acres na Guiana, onde a Exxon atua como o principal operador. Além disso, a empresa possui um projeto de xisto no Bakken, na Dakota do Norte.
O CEO da Hess, John Hess, que se juntará ao conselho de administração da Chevron, enfatizou o potencial de crescimento da empresa, citando a Guiana como “a maior descoberta de petróleo do mundo nos últimos dez anos, e o xisto de Bakken, onde estamos liderando a produção de petróleo e gás.”
Em uma entrevista recente ao Financial Times, o CEO da Chevron, Mike Wirth, defendeu sua estratégia de aumento da produção, argumentando que a empresa fornece um produto benéfico para a sociedade, não algo prejudicial. Ele também questionou as projeções da Agência Internacional de Energia, que preveem que a demanda por petróleo atingirá seu pico antes do final da década, afirmando: “Eu não acho que eles estão certos. Você pode construir cenários, mas vivemos no mundo real e precisamos alocar capital para atender às demandas do mundo real.”
Como parte da transação, a Chevron planeja emitir 317 milhões de novas ações e aumentar seu programa de recompra de ações em mais US$ 2,5 bilhões, demonstrando confiança na geração de caixa do negócio e nas perspectivas de preço do petróleo. Atualmente, o programa de recompra de ações da empresa é de US$ 20 bilhões por ano, evidenciando seu compromisso em consolidar sua posição no mercado.