A primeira usina de etanol gaúcha a partir do trigo está em fase avançada de construção em Santiago, no Vale do Jaguari. Com previsão de inauguração para dezembro, a usina da CB Bioenergia deve iniciar suas atividades cinco meses depois do prazo original. Este projeto representa um investimento que deve ultrapassar os R$ 100 milhões, visando atender à crescente demanda por biocombustíveis e contribuir para a redução das emissões de gases no Rio Grande do Sul. A usina de etanol é um marco na produção de biocombustíveis na região.
Santiago é uma região que enfrenta desafios em relação à emissão de gases do efeito estufa. Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), em 2022, a cidade lançou 1,2 milhão de toneladas de gases.
Apesar de ser uma das áreas com menor participação no PIB do estado, Santiago viu seu PIB crescer quase 40% no ano anterior. O agro é o principal motor da economia local, com 80% da área cultivada dedicada à soja. A nova usina de etanol pode ser a chave para diversificar a produção e a valorização da produção rural na região, promovendo uma economia mais sustentável.
A usina de etanol da CB Bioenergia não apenas busca atender a demanda local, mas também pretende mitigar os impactos ambientais. Com um investimento significativo, a usina pode ajudar a transformar a realidade econômica e ambiental de Santiago, uma cidade que, apesar de suas limitações, tem um potencial enorme para se tornar um polo de biocombustíveis. O uso do trigo como matéria-prima para a produção de etanol representa uma inovação para a agricultura da região.
O prefeito de Santiago, Tiago Lacerda, destaca que a usina será fundamental para o desenvolvimento agrícola da região. Ele afirma que a instalação da usina de etanol ajudará a reduzir a ociosidade da terra durante o inverno, o que contribui para a degradação do solo. A usina de etanol terá capacidade para produzir 12 milhões de litros de etanol por ano, focando na produção de etanol hidratado, que pode ser utilizado como combustível para veículos e aviões agrícolas.
Além disso, a usina de etanol não se limitará apenas ao trigo. A tecnologia da CB Bioenergia permitirá a produção de etanol a partir de outras matérias-primas, como arroz, sorgo, triticale e milho. O projeto inicialmente utilizará as lavouras dos próprios empreendedores, que possuem 40 mil hectares de trigo e 50 mil hectares de soja, contribuindo para a oferta local de matérias-primas para a usina de etanol.
O investimento na usina de etanol é visto como uma alternativa viável para os agricultores locais, que podem beneficiar-se economicamente. O primeiro ciclo de produção da nova usina será com a safra cheia de trigo. “Projetos como este são muito bem-vindos e serão uma excelente alternativa para a valorização dos nossos produtores”, afirma o presidente da Cooperativa Tritícola Sepeense (Cotrisel), José Paulo Salerno. Ele complementa que, com a concretização da usina de etanol, haveria condições para fornecer não apenas o trigo, mas também triticale, outra cultura importante para a região.
A nova usina de etanol está alinhada com iniciativas locais de sustentabilidade. O prefeito Lacerda menciona um projeto chamado “pila verde”, que incentiva a compostagem e a reciclagem de resíduos. Os moradores podem trocar resíduos orgânicos por fertilizantes, promovendo a economia circular na cidade. O sucesso desse projeto já chamou a atenção da FAO e está integrado em esforços mais amplos para desenvolver uma agricultura sustentável na região.
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