Em um movimento estratégico após a assinatura de um acordo de US$ 50 milhões com dois gigantes da indústria chinesa em dezembro, a Atlas Lithium está acelerando a implementação da primeira fase de seu projeto no Vale do Jequitinhonha. O foco está na produção inicial de concentrado de espodumênio, com previsão para iniciar ainda neste ano.
Acordo de US$ 50 milhões impulsiona produção no Brasil
Os investimentos substanciais da Chengxin Lithium Group e da Yahua Industrial Group, no valor de US$ 49,5 milhões, serão direcionados para financiar a etapa inicial da produção de lítio em Minas Gerais. O contrato, válido por cinco anos e passível de renovação, estabelece uma meta significativa de 60 mil toneladas de concentrado para cada uma das empresas envolvidas.
O planejamento detalhado da Atlas Lithium aponta para o início da produção no quarto trimestre de 2024. O projeto, dividido em duas fases, visa produzir 150 mil toneladas de concentrado de lítio tipo espodumênio, grau bateria, em cada fase. A ambição total do projeto é atingir 300 mil toneladas de concentrado anual, com um investimento total estimado em US$ 200 milhões.
Parceria Global: Chengxin Lithium e Yahua Industrial fortalecem o projeto da Atlas Lithium
A segunda fase do projeto está programada para ser instalada até meados de 2025, com operações em plena capacidade previstas para 2026. As atividades de mineração e produção do concentrado de lítio estarão centralizadas no município de Araçuaí, dentro de uma região conhecida por suas vastas reservas de lítio, onde a Sigma Lithium já está em operação desde abril.
Os parceiros chineses, Chengxin Lithium e Yahua Industrial, são fornecedores renomados de hidróxido de lítio para empresas como Tesla, BYD, CATL, LG Chemical e LG Energy Solutions. Após o acordo estabelecido em dezembro, eles não apenas contribuíram com um aporte total de US$ 50 milhões, mas também se tornaram sócios da mineradora, recebendo o mineral extraído e beneficiado em Minas Gerais.
Cada uma das empresas chinesas está investindo US$ 25 milhões, sendo US$ 10 milhões em aportes de capital e os restantes US$ 40 milhões em um pré-pagamento não dilutivo, em troca de 80% dos ativos da primeira fase da mineradora no Vale do Lítio.
Atlas Lithium na rota para R$ 1 bilhão de investimentos no Brasil
Em uma entrevista ao portal InfoMoney, o CEO da Atlas Lithium, Marc Fogassa, revelou que o projeto completo prevê investimentos significativos de R$ 1 bilhão no Brasil, dos quais R$ 200 milhões já foram utilizados nas fases iniciais de pesquisa e sondagem das reservas. Fogassa enfatizou que o contrato com os parceiros chineses integra a Atlas na cadeia global de suprimento de lítio, fortalecendo sua posição como fornecedora para os principais fabricantes de baterias e carros elétricos.
Uma estratégia notável adotada por Fogassa para adiantar metade do projeto foi a escolha de uma planta modular da tecnologia DMS. Essa abordagem inovadora elimina o uso de elementos químicos no processo de beneficiamento do lítio, permitindo que a empresa utilize energia renovável no projeto. Além disso, a tecnologia possibilita o armazenamento de rejeitos por meio do método de empilhamento a seco, eliminando a necessidade de barragens e promovendo o uso de água reciclada.
Companhia acelera produção de Lítio com tecnologia DMS
A aceleração do projeto, de acordo com Fogassa, foi uma decisão estratégica para aproveitar a crescente demanda no mercado por lítio de grau bateria. Apesar dos preços atuais, o CEO enfatizou que são considerados favoráveis para produtores de baixo custo, variando entre US$ 1,6 mil e US$ 1,7 mil por tonelada de concentrado. O custo de caixa da Atlas Lithium é notavelmente competitivo, estimado na faixa de US$ 400 por tonelada.
A Atlas Lithium também informou que está intensificando os esforços para ampliar os depósitos de lítio em suas áreas de concessão, continuando a perfuração exploratória como parte de sua estratégia de crescimento a longo prazo no setor. Com a implementação bem-sucedida deste projeto, a empresa não apenas fortalecerá sua presença no mercado global de lítio, mas também contribuirá para impulsionar a transição global para veículos elétricos e tecnologias de armazenamento de energias mais sustentáveis.