Em meio ao crescimento da rota comercial do agronegócio brasileiro para os países árabes, o Arco Norte aparece como uma rota estratégica para impulsionar a exportação nacional. Através da plataforma World Logistics Passport (WLP) do governo de Dubai, o agro brasileiro poderá ampliar fortemente suas parcerias nos próximos anos. Com foco em grãos, frutas e produtos halal, a WLP está buscando implementar uma hidrovia que conecte a região aos portos do Oriente Médio. A iniciativa visa reduzir custos de logística e agilizar o escoamento de mercadorias do Brasil aos países árabes.
Após consolidar parcerias com portos no Sul e Sudeste do Brasil, a World Logistics Passport (WLP), plataforma do governo de Dubai dedicada ao comércio global, concentra agora sua atenção no Arco Norte como a próxima rota estratégica para expandir as exportações de produtos brasileiros para o mundo árabe. Os planos da WLP para o Arco Norte têm como foco os embarques de grãos, frutas e produtos halal do Brasil, alinhados às necessidades islâmicas em sua produção.
A missão do senador Irajá (PSD-TO) ao Oriente Médio incluiu a apresentação de um projeto ao governo de Dubai para a implementação de uma hidrovia que conecte o Arco Norte aos portos da região, otimizando a exportação de mercadorias. Mahmood Al Bastaki, gerente geral da WLP, expressou interesse no projeto, destacando que a iniciativa contribuiria significativamente para a redução dos custos de transporte e logística de grãos para os Emirados Árabes.
A proposta visa implantar 1,2 mil quilômetros de hidrovias pelos rios Tocantins e Araguaia, com a estimativa de diminuir pela metade os gastos de transporte de uma tonelada de soja em comparação à logística de transporte por caminhão até o porto de Santos. Embora a parceria ainda dependa da definição dos investidores, o senador Irajá ressaltou que o projeto já foi aprovado na Comissão de Infraestrutura do Senado.
A expectativa é que o mesmo entre no orçamento da União de 2024. Essas discussões não apenas fortalecem os laços comerciais entre Brasil e Emirados Árabes, mas também respondem aos planos governamentais dos países do Golfo, conhecidos como “Visões 2030”, que visam impulsionar a produção local de alimentos e sua exportação.
Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, destacou que a crescente demanda por insumos produtivos, como produtos do complexo soja e milho, está abrindo novas oportunidades para a exportação brasileira. Além dos grãos, os países do Golfo expressam interesse em alimentos de preparo rápido, laticínios, frutas, vegetais e produtos orgânicos certificados. A WLP de Dubai vem fortalecendo sua presença no Brasil através de parcerias estratégicas.
Recentemente, a plataforma de Dubai uniu forças com a operadora de logística portuária Wilson Sons, responsável pelo Terminal de Contêineres do Porto de Salvador, na Bahia. Essa colaboração visa agilizar o escoamento de produções, reduzindo os custos de frete terrestre e marítimo.
Além disso, ela assinou um acordo com o Consórcio do Nordeste e a certificadora Fambras para incorporar os Estados da região na rota de desenvolvimento de mercadorias halal. Atualmente, o Nordeste representa apenas 3% das exportações para os Emirados, e o esperado é que esse acordo promova a qualificação, especialmente de ovinos e caprinos.
Al Bastaki ressaltou que a atuação de Dubai no Brasil, por meio da WLP, visa não apenas atender à demanda interna por grãos, mas também transformar o país em um ‘hub’ de exportação de produtos essenciais para o Oriente Médio, África e Ásia. Agora, resta ao Arco Norte estreitar os laços com o país do Oriente Médio para aproveitar as oportunidades de logística e exportação.
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