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Após quatro décadas, Petrobras planeja retomar operações na África

África surge como alternativa para a Petrobras em meio à possível restrição no licenciamento ambiental da margem equatorial brasileira.

by Marcelo Santos
Após quatro décadas, Petrobras planeja retomar operações na África

Após quatro décadas de sua saída do continente africano, a Petrobras planeja retomar suas operações na África. A empresa brasileira, conhecida por sua experiência na exploração de petróleo e gás, tem em vista expandir sua presença internacional e aproveitar as oportunidades que o continente oferece.

Com a possibilidade de negação do licenciamento ambiental para explorar a Margem Equatorial no Brasil, a Petrobras vê na África uma alternativa estratégica para aumentar suas reservas e garantir a continuidade da produção em bom nível na próxima década.

Estratégia de internacionalização da Petrobras visa aumentar as reservas e garantir a segurança energética do Brasil

A decisão de retornar à África faz parte da estratégia de internacionalização da Petrobras para o período de 2024 – 2028. A empresa reconhece a importância de ampliar suas reservas e evitar a dependência futura de importações de petróleo.

Segundo Joelson Mendes, diretor de exploração e produção da Petrobras, se novas reservas não forem descobertas, o Brasil poderá começar a importar petróleo a partir de 2040, o que seria um retrocesso em um contexto de preocupação global com segurança energética.

Presença histórica da Petrobras na África e possíveis destinos para sua retomada

A Petrobras estabeleceu sua presença na África nos anos 1970, durante a ditadura militar no Brasil. No entanto, foi nos anos 2000, sob os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que a empresa intensificou suas atividades no continente africano. Inicialmente, a Petrobras focou em Angola e Nigéria, expandindo gradualmente para outros oito países, como Líbia, Moçambique, Senegal e Namíbia.

Com a intenção de retomar suas operações na África, a Petrobras avalia possíveis destinos para sua expansão. Além da Colômbia, onde a empresa tem investido na exploração de reservas ricas em gás, a Petrobras também considera a Guiana e o Suriname como opções para explorar a Margem Equatorial fora do Brasil, estabelecendo parcerias estratégicas com outras empresas.

Desafios e licenciamento ambiental na exploração da Margem Equatorial

A intensidade da volta da Petrobras à África dependerá, em parte, do licenciamento ambiental para explorar a bacia da Foz do Amazonas, que está atualmente travada pelo Ibama.

A empresa já apresentou um recurso ao órgão, mas também está se preparando para alternativas caso a licença seja novamente negada.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ressalta que, caso a área seja considerada interditada para a perfuração de petróleo, a empresa respeitosamente sairá de lá e explorará outras áreas da margem equatorial.

Entenda os desafios para o licenciamento ambiental para exploração na Bacia da Foz do Amazonas

A exploração da Bacia da Foz do Amazonas, localizada na margem equatorial, tem sido alvo de um impasse relacionado ao licenciamento ambiental. Apesar de ser considerada uma região promissora e comparada ao pré-sal em seu potencial, nenhum poço foi perfurado na área desde que os blocos foram licitados há uma década.

Esse impasse tem se arrastado ao longo de três governos, incluindo os mandatos de Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro, sem que uma solução definitiva seja alcançada para liberar as campanhas exploratórias na região.

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou o licenciamento para a perfuração da Petrobras no bloco FZA-M-59, localizado na Bacia da Foz do Amazonas. Essa decisão gerou críticas por parte de autoridades políticas, incluindo o governador e senadores do Amapá.

O líder do governo Lula no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues, chegou até mesmo a pedir a desfiliação de seu partido, a Rede Sustentabilidade, em um rompimento definitivo com a ministra Marina Silva.

Falta de solução para o licenciamento ambiental gera debates e tensões

A negativa do licenciamento ambiental para a exploração na Bacia da Foz do Amazonas levanta questões sobre os desafios enfrentados no processo de obtenção das autorizações necessárias.

A região possui uma importância estratégica para a Petrobras, que busca aumentar suas reservas de petróleo. No entanto, a preocupação com os impactos ambientais e a preservação da Amazônia têm levado a uma análise rigorosa por parte do Ibama e de outros órgãos competentes.

A falta de uma solução definitiva para o licenciamento ambiental na Bacia da Foz do Amazonas tem gerado debates acalorados e tensões entre diferentes atores políticos e ambientalistas.

Enquanto alguns defendem a importância econômica e energética da exploração, ressaltando os possíveis benefícios para a Petrobras e para o país, outros levantam preocupações sobre os impactos ambientais irreversíveis e a necessidade de preservação da região amazônica.

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