O Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão responsável pela monitorização e operação da rede elétrica do país, tomou medidas significativas na sequência do apagão que afetou 25 estados e o Distrito Federal no último dia 15 de agosto. A redução na geração de energia eólica e energia solar no Nordeste se destaca como uma resposta às falhas que causaram o blecaute.
Impacto sobre as fontes renováveis
A região do Nordeste brasileiro tem sido um polo importante na produção de energia limpa, sendo mais de 70% de sua geração proveniente de usinas eólicas e solares. Contudo, essa intermitência na produção dessas fontes se revelou uma vulnerabilidade durante o apagão, levando à necessidade de ajustes para evitar futuras perturbações.
Um dos principais motivos para a decisão do ONS foi a sobrecarga causada por um pico repentino de geração eólica e solar que ultrapassou a capacidade da rede de transmissão. Especialistas levantaram a hipótese de que essa injeção excessiva de energia tenha sido uma das causas do apagão. Como resultado, o ONS reduziu o limite de exportação de energia do Nordeste para as demais regiões, passando de 13.000 MW para 8.000 MW.
Excedente energético e impacto na região Nordeste
O Nordeste possui uma considerável sobra de energia devido à abundância de geração a partir de fontes renováveis. Esse excedente precisa ser repassado para outras regiões, como o Sudeste, para evitar desperdício. No entanto, o desafio é equilibrar essa transmissão para evitar sobrecargas na rede, como as que ocorreram durante o apagão.
A decisão do ONS teve um efeito direto na composição da matriz energética. Com a redução da geração de energia eólica e energia solar, a participação de fontes não-intermitentes, como hidrelétricas e térmicas, aumentou. Isso fortalece a estabilidade do Sistema Elétrico Nacional (SIN) e ajuda a prevenir possíveis apagões no futuro.
Especialistas avaliam a situação
Especialistas do setor elétrico destacam que essa medida do ONS lança luz sobre possíveis fragilidades no sistema diante de distúrbios imprevistos. A queda na frequência da rede, que chegou a 58 Hz durante o apagão, é indicativa de que a capacidade de absorver picos de energia estava comprometida.
Um dos desafios das fontes renováveis, como eólica e solar, é sua intermitência na geração de energia. Ao contrário das hidrelétricas e térmicas, que mantêm uma produção contínua, as fontes intermitentes podem gerar picos de energia em momentos específicos do dia. Essa imprevisibilidade pode criar desequilíbrios no sistema e afetar sua estabilidade.
Vulnerabilidade do Nordeste e lições aprendidas
O Nordeste, embora líder na geração de energia limpa, mostrou-se vulnerável devido à sua alta dependência de fontes intermitentes. Atrasos na retomada da produção após o apagão ilustram os desafios enfrentados pela região. Especialistas destacam a necessidade de uma abordagem equilibrada que combine fontes renováveis com geração estável para garantir a confiabilidade do sistema.
O governo está empenhado em identificar as causas raiz do apagão e determinar responsabilidades. Além das questões operacionais e técnicas, há suspeitas de que ação criminosa possa ter contribuído para o incidente. A Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estão investigando a possibilidade de sabotagem.
Buscando um sistema mais resiliente
O apagão nacional e suas consequências destacam a importância de um sistema elétrico resiliente e equilibrado. Ações como a redução da geração de energia eólica e energia solar no Nordeste visam fortalecer a capacidade de absorção de picos de energia e minimizar os riscos de interrupções generalizadas.
Nesse cenário, o ONS desempenha um papel fundamental na gestão e operação do Sistema Elétrico Nacional, visando garantir o fornecimento seguro e estável de energia para todo o país.