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Anfavea solicita aumento imediato da taxa de importação de veículos para 35%

Proposta da Anfavea visa proteger mercado nacional diante do aumento das importações de veículos elétricos, especialmente da China.

by Andriely Medeiros
Proposta da Anfavea visa proteger mercado nacional diante do aumento das importações de veículos elétricos, especialmente da China

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) formalizou um pedido ao governo brasileiro visando aumentar imediatamente a alíquota de importação de veículos para 35%. O objetivo é proteger a indústria nacional diante do significativo aumento das importações, principalmente de carros elétricos, provenientes principalmente da China. A proposta foi entregue nesta quinta-feira pela associação, que representa os interesses das montadoras no país.

Detalhes do pedido da Anfavea e repercussões no mercado

O pedido inicialmente foi submetido na semana passada ao Ministério da Fazenda e ao governo federal. Nesta quarta-feira, foi apresentado diretamente ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Bens e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e sua equipe técnica. A Anfavea ressalta a necessidade urgente de ajustar a política tarifária para proteger a produção nacional, atualmente impactada pelo aumento expressivo das importações.

O MDIC confirmou ter recebido o pedido e informou que iniciará uma análise técnica detalhada, sem fazer juízos antecipados sobre a proposta.

Contexto do programa “Mover” e implicações econômicas

O programa governamental Mover estabelece uma alíquota escalonada para a importação de veículos, com previsão de atingir os 35% em um prazo de dois anos. No entanto, diante das condições atuais do mercado, a Anfavea argumenta que a antecipação desse prazo é fundamental para mitigar os efeitos negativos sobre a produção local.

Uma fonte da associação, que preferiu não se identificar, destacou que o mercado nacional está sendo significativamente abastecido por veículos importados, em detrimento da produção local. Isso não apenas afeta o mercado de trabalho, mas também compromete as metas de exportação estabelecidas para o setor.

O aumento das importações tem sido percebido como uma ameaça direta aos empregos no setor automotivo brasileiro. Segundo a Anfavea, as importações excessivas não representam crescimento adicional de vendas, mas sim uma substituição prejudicial à produção nacional. Isso gera impactos negativos significativos em termos de emprego e crescimento econômico.

Desafios e opiniões do mercado

Montadoras e especialistas do setor destacam que uma parcela substancial dos veículos elétricos e híbridos que chegam ao Brasil é originária da China. Esses modelos têm enfrentado críticas semelhantes em mercados como Europa e Estados Unidos, onde medidas de proteção estão sendo adotadas para preservar as indústrias locais.

Pablo Toledo, diretor de marketing da BYD no Brasil, observa que a crescente demanda por veículos elétricos está provocando mudanças significativas no mercado. Ele ressalta que a concorrência está se intensificando, com impactos claros nos preços ao consumidor. A perspectiva de um aumento de 35% nas tarifas de importação levanta questões sobre o impacto direto nos preços finais dos veículos e na competitividade do mercado brasileiro.

Além das preocupações econômicas, a proposta da Anfavea também levanta questões regulatórias e competitivas. A entrada maciça de veículos estrangeiros, especialmente os elétricos, desafia não apenas a capacidade produtiva nacional, mas também os padrões de segurança e regulamentações ambientais vigentes. Enquanto países como China subsidiam sua produção automotiva, mercados como o brasileiro enfrentam o desafio de manter um ambiente competitivo justo para os fabricantes locais.

Perspectivas da Anfavea e reações do mercado

As reações ao pedido da Anfavea têm sido variadas. Enquanto representantes do setor automotivo nacional apoiam a medida como essencial para a preservação dos empregos e da indústria local, importadores e consumidores expressam preocupações sobre o possível aumento nos preços dos veículos. O debate sobre os impactos econômicos e sociais de uma mudança na política tarifária promete ser intenso nos próximos meses, à medida que o governo conduzirá sua análise técnica detalhada.

O MDIC anunciou que realizará consultas públicas e ouvirá diferentes partes interessadas antes de tomar uma decisão final sobre a proposta da Anfavea. O processo incluirá avaliações detalhadas dos impactos econômicos, bem como discussões sobre alternativas para promover um ambiente competitivo e sustentável para o setor automotivo brasileiro. Enquanto isso, montadoras, importadores, e consumidores aguardam ansiosamente por desenvolvimentos que moldarão o futuro do mercado de veículos no Brasil.

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