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Arábia Saudita surpreende o mundo com suspensão do aumento na produção de combustíveis fósseis

Empresa da Arábia Saudita surpreende a todos anunciando a interrupção de um projeto que tinha como foco ampliar a produção de combustíveis fósseis

by Marcelo Santos
Arábia Saudita surpreende o mundo com suspensão do aumento na produção de combustíveis fósseis

Alguns meses após a COP28, integrantes do governo da Arábia Saudita, o país com a maior produção de combustíveis fósseis, principalmente petróleo, e uma das maiores reservas do planeta, partiram para Dubai e jogaram pesado contra qualquer menção a phase-out (eliminação gradual ou progressiva) ou phase-down (redução gradual) de combustíveis fósseis no texto do Global Stocktake (GST) que seria aprovado na conferência do clima.

Arábia Saudita anuncia que não aumentará produção de combustíveis fósseis

Desta forma, o máximo que se conseguiu no documento foi um “transition away” (afastar-se dos combustíveis fósseis). Isso fez com que o ministro saudita da Energia, Abdulaziz bin Salman, afirmasse que o principal acordo da COP28 para a transição dos combustíveis fósseis era apenas uma das diversas opções de menu à la carte.

Com isso, o mercado foi surpreendido nesta terça-feira, quando a Saudi Aramco, estatal petrolífera do país, anunciou que está interrompendo o projeto de aumento de sua capacidade de produção de combustíveis fósseis de 12 milhões para 13 milhões de barris diariamente até 2027. A empresa não entrou em detalhes sobre tal decisão.

No comunicado ao mercado, a empresa da Arábia Saudita informou que recebeu ordens do Ministério da Energia saudita para manter a sua Capacidade Máxima Sustentável (MSC, siglas em inglês) nos níveis atuais.

Desta forma, destaca o Guardian, a decisão lançou dúvidas sobre o futuro do mercado de combustíveis fósseis global. Ainda mais por ocorrer semanas após um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) ter indicado que o pico mundial na demanda por petróleo poderia acontecer antes do final desta década.

Produtores de combustíveis fósseis estão sendo egoístas de acordo com críticos

A Arábia Saudita liderou um grupo de vozes na OPEP+ que insistiram em uma transição energética que utilize a produção de combustíveis fósseis como fonte energética até que os recursos renováveis sejam suficientes para atender a demanda global, segundo o CNBC. Os críticos chamam essa decisão dos produtores de combustíveis fósseis de egoísta, que têm tido lucros enormes desde que as sanções de Europa e Estados Unidos cortaram o acesso ao petróleo russo, após a invasão da Ucrânia.

Apesar de parecer uma mudança de rumo do Petroestado quanto à produção de combustíveis fósseis, é necessário ter cautela no otimismo, ressalta o New York Times. A Aramco está tendo espaço para desacelerar, segundo o chefe de geopolítica da empresa de pesquisa Energy Aspects, Richard Bronze. Essa margem de manobra, segundo ele, permitiria à estatal escolher quando quer gastar dinheiro no desenvolvimento de novos campos petrolíferos, em vez de fazê-lo quando os custos estão elevados.

Arábia Saudita fecha acordo renovável com Brasil

Em dezembro passado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou recentemente um memorando de entendimento com o Ministério de Energia da Arábia Saudita. Os países atuarão em conjunto com foco na exploração de petróleo e gás e também no desenvolvimento de energia renovável.

Conforme o ministro, investimentos serão atraídos para o país, promovendo o desenvolvimento econômico e social no Brasil, gerando empregos, renda e combatendo as desigualdades. O documento abrange áreas como petróleo, gás, energia renovável, eletricidade, petroquímicos, eficiência energética, hidrogênio verde, além da Economia Circular de Carbono.

O acordo alavanca estudos conjuntos em universidades e centros de pesquisa no campo energético e parcerias com empresas especializadas para localizar materiais, produtos e serviços. Vale mencionar que, no primeiro dia de visita a países do Oriente Médio, o presidente Lula se reuniu com o Príncipe Herdeiro e o Primeiro Ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.

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