O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, surpreendeu o mercado na última sexta-feira, 27, ao anunciar um investimento massivo de R$ 15 bilhões no Brasil até 2026. A declaração ocorreu durante a inauguração das novas fábricas de salsicha e empanados no complexo industrial da empresa em Rolândia (PR), perante uma plateia que incluía o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin. Este investimento é cinco vezes maior do que o anunciado recentemente pela J&F, a holding que controla a JBS, que previa um aporte de R$ 3 bilhões.
Condições do investimento estão atreladas ao sucesso do projeto de dupla listagem
No entanto, esse investimento substancial da JBS vem com uma condição significativa: pelo menos 80% dele está condicionado ao sucesso do projeto de dupla listagem das ações da companhia. Anunciado há três meses, o plano visa permitir a negociação dos papéis tanto no mercado brasileiro quanto nos Estados Unidos, mas aguarda a aprovação dos acionistas para avançar.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) mantém atualmente 20,81% das ações da JBS em seu portfólio de investimentos através do BNDESPar. Este banco estatal, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Serviços, estava representado pelo seu chefe, Geraldo Alckmin, no evento de sexta-feira. Esta participação do BNDES dá à instituição um poder significativo de influência sobre a decisão da dupla listagem das ações da JBS.
Gilberto Tomazoni enfatizou a importância do sucesso deste projeto, afirmando: “Nós, da JBS, estamos com um projeto de dupla listagem [das ações]. Se o nosso projeto for bem-sucedido, o investimento não será de R$ 38 bilhões, mas será de R$ 50 bilhões, com 50 mil postos de trabalho adicionais.”
Deste montante, a JBS se compromete a gerar 20 mil novos empregos, enquanto as demais empresas do grupo, como a Eldorado Brasil (celulose), Flora (higiene & limpeza), PicPay (pagamentos) e a J&F Mineração, ficariam responsáveis pela criação dos demais empregos.
Mudanças estratégicas visam superar obstáculos e fortalecer a presença da JBS no mercado internacional
A ideia de ver as ações da JBS negociadas nos Estados Unidos não é nova. A primeira tentativa ocorreu em 2016, quando o projeto envolvia a transferência da sede fiscal para a Irlanda e a listagem dos papéis nos EUA. No entanto, naquela época, o BNDES tinha uma participação maior e poder de veto sobre a decisão, graças a um acordo de acionistas então vigente. Com o fim desse acordo, o banco estatal não tem mais essa condição, mas ainda detém ações suficientes para influenciar o resultado do projeto.
Como parte de seus esforços para angariar apoio à dupla listagem, a JBS anunciou recentemente uma alteração na estrutura do projeto. A empresa informou que os detentores de American Depositary Receipts (ADRs) da empresa também terão direito a voto na assembleia-geral extraordinária que deliberará sobre a transação. Esta mudança visa a aumentar o número de votantes, o que poderia reduzir o peso do BNDES na decisão, uma vez que os controladores não poderão votar.
O anúncio do investimento da JBS no Brasil, juntamente com a promessa de expansão contínua com o sucesso da dupla listagem, destaca o compromisso da empresa em fortalecer sua presença no mercado nacional e internacional. Com os olhos voltados para o futuro, a JBS está pronta para enfrentar os desafios e oportunidades que se apresentam, à medida que avança em direção a um futuro promissor.
Conheça um pouco mais sobre a JBS
A JBS é uma das maiores empresas de alimentos do mundo e é especialmente conhecida por seu foco na produção de carne bovina, suína e de frango. A empresa tem sede no Brasil e foi fundada em 1953 por José Batista Sobrinho, inicialmente como um açougue. Desde então, a JBS cresceu significativamente, expandindo suas operações e se tornando um dos principais players no setor de alimentos global.