O Porto do Açu assinou na última semana um contrato com a Petrobras para pré-descomissionar três plataformas. O acordo prevê a atracação temporária das unidades de produção da petroleira para que sejam realizadas as atividades prévias ao desmantelamento das estruturas. O contrato não teve seu valor divulgado.
Prazo de mobilização para receber as estruturas da Petrobras é de 60 dias
Segundo José Firmo, CEO do Porto do Açu, este contrato está ligado ao começo de um potencial hub de descomissionamento no complexo logístico-industrial. O executivo acredita que o país está prestes a implantar um modelo único de desmonte de topsides por meio do conceito de destinação sustentável proposto pela Petrobras.
Segundo o executivo do Porto do Açu, a Petrobras está inaugurando um novo conceito que deve se instalar no país pelos próximos 30 anos. Para o Açu, é incrível estar incluso neste processo. Firmo destaca que a infraestrutura da empresa está pronta para receber todas as plataformas da Petrobras. O prazo de mobilização é de 60 dias. Até lá, serão realizados pequenos ajustes no cais para abrigá-las.
A estimativa é que até duas unidades cheguem em São João da Barra (RJ) ainda neste ano. Uma delas será a P-32, cujo contrato de descomissionamento foi arrematado pelo consórcio Ecovix / Gerdau em junho. Segundo a Petrobras, continuam previstos os desmantelamentos de dois FPSOs e uma plataforma submersível para este ano.
Enquanto isso, o executivo do Porto do Açu já menciona os próximos passos para consolidar a posição da empresa no filão de descomissionamento. Segundo Firmo, pode ser que a empresa expanda no próximo ano, por exemplo, para o upcycling, de forma a impulsionar a economia circular no país. Há uma série de aspectos que estão sendo considerados no futuro. O objetivo é expandir.
Porto de Açu não atuará no desmonte direto das plataformas da Petrobras
Firmo destaca que o Porto do Açu não tem planos de atuar diretamente no desmonte das plataformas e ressalta que o foco reside em outras soluções de engenharia. Não é visto uma opção imediata de dique seco no Açu, mas será muito fácil começar e expandir o hub. O Açu conta com uma vocação natural para condensar o hub subsea e ampliar para um hub de descomissionamento de topside.
Por fim, o executivo chama atenção para o fato de que o desmanche de plataformas da Petrobras pode alavancar a produção de aço de baixo carbono no Brasil. Diante da quantidade de plataformas que o Porto do Açu possui, faz todo sentido descomissioná-las, gerar conteúdo local, desenvolver a cadeia produtiva e descarbonizar a sua indústria siderúrgica com sucata. Não se pode deixar essa oportunidade escapar do país.
Petrobras planeja investir US$ 9 bilhões no segmento
Por sua vez, Vinícius Patel, diretor de Administração Portuária do Porto do Açu, reforçou que o empreendimento possui uma infraestrutura náutica ímpar para abrigar modelos integrados de projetos de descomissionamento que visem à economia circular.
Patel finaliza que no Açu há uma infraestrutura que poupa muito tempo de mobilização. Em relação à parte de bioincrustação de coral-sol, por exemplo, há um dos poucos terminais brasileiros que podem realizar este tipo serviço e tudo isso é feito com 100% de conteúdo brasileiro.
No total, a Petrobras tem planos de realizar investimentos de US$ 9,8 bilhões em descomissionamento, incluindo o abandono de poços, no período de 2023 a 2027. Isso também inclui 26 plataformas, 360 poços marítimos e 2,5 quilômetros de risers. A indústria naval brasileira concorre com sete países nos processos da Petrobras de contratação do serviço de descomissionamento de suas plataformas e infraestruturas associadas.