A produção industrial brasileira apresentou uma queda de 0,6% em julho em comparação com o mês anterior, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado quebrou a sequência de alta registrada em maio (0,3%) e de estabilidade em junho.
Com relação a julho do ano passado, a queda foi de 1,1%. No acumulado dos últimos 12 meses, a indústria nacional apresentou variação nula, mas, em 2023, o recuo é de 0,4%. Para analistas, o indicador foi pior do que o esperado. As estimativas eram de queda de 0,3% na comparação mensal e de diminuição de 0,5% na anual.
Além disso, o estudo do IBGE aponta o movimento de perda de fôlego para crescimento na atividade industrial do País, o que ficou ainda mais evidente nos últimos três meses. Em junho, o setor industrial ficou 2,3% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, período pré-pandemia. Com relação a maio de 2011 (ponto mais alto da série histórica), o desempenho de julho deste ano é 18,7% inferior.
Desempenho ruim
A performance negativa da indústria em julho sofreu forte influência dos setores de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,1%); veículos automotores, carrocerias e reboques (-6,5%); máquinas e equipamentos (-5,0%); e indústrias extrativas (-1,4%).
Um dos pontos mais negativos é que o segmento de veículos intensificou a redução de 3,4% apresentada em junho. Na visão de analistas, o desconto patrocinado na compra de veículos sustentáveis e o incentivo dado pelo Governo Federal pela Medida Provisória n° 1175, não surtiram o efeito desejado nas fábricas.
O rendimento negativo de junho interrompeu a sequência de dois meses seguidos de crescimento nas atividades extrativistas. Apesar disso, esse segmento tem uma expansão de 7% no acumulado de 2023.
Vale ressaltar que outros setores impactaram o resultado negativo de julho, como o de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-8,0%), de produtos metálicos (-4,8%) e de produtos de borracha e de material plástico (-3,8%).
Bons resultados
Embora a produção industrial brasileira tenha caído em julho, nove atividades conseguiram um saldo positivo. Uma delas foi a de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,2%), o que interrompeu uma sequência negativa de três meses consecutivos de queda na produção, que chegou a acumular uma perda de 17,7%.
Mais dois segmentos se destacaram em julho. O de produtos alimentícios cresceu 0,9% e o de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis alcançou uma expansão de 0,7%. No setor de alimentos, a boa notícia é que esse segmento apresentou o primeiro resultado positivo desde dezembro de 2022.
Essa performance tem influência direta do crescimento da produção de açúcar, carne bovina e soja. Vale mencionar que o setor de combustíveis amenizou parte do recuo de 3,4%, que apresentou em junho.
O estudo do IBGE constatou que, nas grandes categorias econômicas, o resultado de junho em relação ao mês anterior foi de recuo nos segmentos de bens de capital (-7,4%), bens de consumo duráveis (-4,1%) e de bens intermediários (-0,6%).
Últimos 12 meses
No acumulado de 2023, a produção industrial brasileira tem uma queda de 0,4%. Esse desempenho tem uma influência de vários segmentos, como o de produtos químicos (-8,3%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,4%); máquinas e equipamentos (-6,0%) e produtos de minerais não metálicos (-7,7%).
No que se refere às expansões, os destaques ficam por conta dos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,5%) e de produtos alimentícios (2,9%). Por outro lado, a variação dos últimos 12 meses na produção industrial brasileira é nula. Isso mostra uma estagnação, que está ligada às dificuldades de investimento provocadas principalmente pelos juros altos.