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Usina nuclear Angra 2 é desligada para reabastecimento e afetará oferta de energia do Brasil

A usina nuclear Angra 2 foi desligada nesta segunda e impacta diretamente na oferta de energia do Brasil. País passa por grande onda de calor e consumo de energia triplica

by Marcelo Santos
Usina nuclear Angra 2 será desligada para reabastecimento e afetará oferta de energia do Brasil

Desde segunda-feira (25), a usina nuclear Angra 2 foi desligada do Sistema Interligado Nacional (SIN) para reabastecimento de combustível, retirando do sistema o fornecimento diário de 1,350 gigawatt (GW) de energia. Serão realizadas mais de 5 mil atividades de manutenção e inspeção de equipamentos na Usina Angra 2 que não podem ser isolados durante a operação da usina, e também a substituição de 52, de um total de 193, elementos combustíveis do núcleo do reator. A estimativa é de que o trabalho na usina nuclear Angra 2 dure 30 dias.

Desligamento da usina Angra 2 gera milhares de empregos

As principais ações previstas na usina nuclear Angra 2 são a do gerador elétrico principal, a inspeção do vaso de pressão do reator e a troca de combustível. Entre os especialistas envolvidos, estarão cerca de 1.300 pessoas contratadas exclusivamente para as tarefas, 500 empregados da Eletronuclear e 200 estrangeiros. Segundo Fabiano Portugal, superintendente de Angra 2, todas as atividades são realizadas com precisão e qualidade para manter a alta confiabilidade de Angra 2.

Um empreendimento deste porte só é viabilizado com muito planejamento e dedicação de todas as áreas da Eletronuclear, evitando ainda acidentes de trabalho. Já a parada de Angra 1 está programada para começar no dia 28 do próximo mês, com duração prevista de 50 dias. Cerca de um terço do combustível nuclear será recarregado, além da promoção de 4.800 atividades, entre inspeções e manutenções periódicas, e instalações de modificações de projeto.

Além do reabastecimento de Angra 1, também serão substituídas as barras de controle do reator, manutenção dos transformadores auxiliares e principais, revisão das turbinas de vapor, e inspeção volumétrica na tampa do vaso de pressão do reator.

PLD quase triplica nos últimos dias

A elevação do consumo de energia para enfrentar a onda de calor ao mesmo tempo, em que a usina Angra 2 parou para troca de combustível, já começaram a impactar o custo da energia no mercado livre, espécie de bolsa de negociações entre produtores e grandes consumidores.

O valor de liquidação de contratos nesse mercado, chamado de Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), quase triplicou nos últimos dias, passando dos R$ 69,04 por MWH vigentes na segunda-feira (25) para R$ 185,18 nesta quarta (27). 

Os impactos de curto prazo ainda são vistos como limitados e concentrados na indústria, entretanto o setor avalia que a alta é um sinal essencial em um cenário em que o fenômeno El Nino pode provocar seca nos rios da Amazônia e que, eventualmente, baterá nos contratos de negociação de energia por indústrias. É a primeira vez, desde setembro do último ano, que o PLD deixa o preço mínimo previsto, patamar que vinha estacionado diante do elevado nível dos reservatórios das hidrelétricas no Brasil.

2023 terá recorde de consumo para o mês de setembro

Nos últimos dias, o consumo de energia tem apresentado diversos níveis recordes para essa época do ano, diante da onda de calor que impacta a grande parte do território nacional. Na sexta (22), o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) previu que 2023 terá recorde de consumo para o mês de setembro.

Por volta das 17h desta quarta, por exemplo, a carga injetada no sistema elétrico para abastecer o país estava perto de 89 mil MW, patamar visto normalmente apenas durante o verão, quando o consumo costuma bater recordes no país.

Em seu boletim de programação semanal de operação divulgado na última sexta, o ONS afirma que o sistema é robusto e suportará a alta do consumo de energia provocada pelas altas temperaturas.

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