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Usina nuclear ANGRA 1 suspende operações por quase dois meses em missão crítica de reabastecimento

Usina nuclear Angra 1 passa por parada estratégica de 50 dias para reabastecimento de combustível e atividades de manutenção.

by Marcelo Santos
Usina nuclear ANGRA 1 suspende operações por quase dois meses em missão crítica de reabastecimento

A usina nuclear Angra 1 passará por uma parada programada de 50 dias para reabastecimento de combustível e uma série de importantes atividades de manutenção e inspeção. Essa interrupção na geração de energia, que começou na madrugada do sábado, dia 28, é uma parte essencial do ciclo de operação da usina e visa garantir sua segurança e alta disponibilidade.

Reabastecimento de combustível nuclear

Uma das principais razões para a parada da usina nuclear Angra 1 é o reabastecimento de um terço de seu combustível nuclear. Esse procedimento é vital para manter a eficiência e a segurança da usina. As paradas para reabastecimento ocorrem aproximadamente a cada 14 meses e são planejadas com pelo menos um ano de antecedência.

Além do reabastecimento de combustível, a parada também inclui uma série de atividades de manutenção e inspeção. Cerca de 4.800 tarefas serão realizadas durante esse período, abrangendo diferentes aspectos da usina para garantir seu funcionamento seguro e eficaz.

Atividades de manutenção da usina nuclear Angra 1

Entre as principais atividades de manutenção e inspeção estão:

  • Substituição de barras de controle do reator: Para garantir o controle adequado do reator, as barras de controle serão substituídas, assegurando que a usina continue a operar de forma precisa e segura.
  • Manutenção dos transformadores principais e auxiliares: Os transformadores desempenham um papel crucial na distribuição de energia gerada pela usina. Sua manutenção garante a integridade do sistema elétrico.
  • Revisão das turbinas de vapor: Responsáveis por gerar a energia elétrica a partir do calor produzido pelo reator nuclear. A revisão destas turbinas é vital para garantir sua eficiência.
  • Inspeção volumétrica na tampa do vaso de pressão do reator: A tampa do vaso de pressão é uma das partes mais críticas da usina. A inspeção volumétrica visa identificar quaisquer anomalias que possam comprometer sua integridade.

Impacto na geração de energia da usina

Durante o período de parada, a usina nuclear Angra 1 será desconectada do Sistema Interligado Nacional (SIN) e, portanto, não gerará energia. No entanto, essa interrupção é cuidadosamente planejada e coordenada para minimizar qualquer impacto no abastecimento de energia do país.

Cerca de 1.300 profissionais brasileiros e estrangeiros estão envolvidos nessa operação complexa. Essa colaboração é fundamental para garantir que todas as tarefas sejam executadas com sucesso e dentro dos padrões de segurança mais rigorosos.

Extensão da vida útil da usina nuclear Angra 1

Além das atividades de manutenção regulares, a parada da usina nuclear Angra 1 também incluirá atividades relacionadas à extensão de sua vida útil por mais 20 anos. Isso demonstra o compromisso contínuo com a segurança e a eficácia da usina nuclear.

A parada programada da usina nuclear Angra 1 é uma parte essencial de sua operação segura e eficiente. Ela permite o reabastecimento de combustível, a realização de inspeções e manutenções críticas e a extensão de sua vida útil. Com a colaboração de profissionais nacionais e internacionais, a usina continuará a desempenhar um papel importante na geração de energia no Brasil.

Papel da energia nuclear na matriz energética brasileira

A energia nuclear tem desempenhado um papel importante na matriz elétrica do Brasil, com as usinas Angra 1 e Angra 2 contribuindo para a geração de energia constante, sem emissões significativas de dióxido de carbono. Juntas, essas usinas conseguem produzir até 1.990 megawatts (MW), e o projeto da usina Angra 3 poderia adicionar mais 1.405 MW à capacidade nacional.

No entanto, a pesquisadora Clarice Ferraz, do Grupo de Economia de Energia da UFRJ, destaca que a energia nuclear não é flexível e não se ajusta às variações na demanda de energia. Em um cenário em que a matriz energética depende de fontes intermitentes, como solar e eólica, a necessidade de estocagem e fontes flexíveis se torna evidente para manter o equilíbrio e a confiabilidade do sistema elétrico.

Desafios e considerações econômicas da energia nuclear

A viabilidade econômica da energia nuclear no Brasil é outra questão crítica. O custo inicial estimado de produção de energia em Angra 3 é consideravelmente alto, com uma estimativa de US$ 726 reais brasileiros por megawatt-hora (MWh). Isso a tornaria uma das fontes de energia mais caras do país.

Somente após 16 anos esse custo diminuiria para $244/MWh, ainda acima dos preços da eletricidade produzida por hidrelétricas, conforme a Aneel. A pesquisadora enfatiza que os custos são compartilhados por todos os usuários da rede elétrica, o que levanta questões sobre a pertinência econômica da energia nuclear em comparação com outras fontes mais flexíveis e econômicas.

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