Home INDÚSTRIA Produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) a partir de resíduos do agro pode impulsionar mercado do Brasil

Produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) a partir de resíduos do agro pode impulsionar mercado do Brasil

A Acelen, empresa de refino do fundo árabe Mubadala, iniciou um projeto de produção de diesel verde e SAF, com a macaúba como fonte.

by Andriely Medeiros
O combustível SAF surge como uma alternativa que promete reduzir as emissões poluentes em comparação com o querosene convencional.

O Brasil vem se destacando no ramo do Combustível Sustentável de Aviação (SAF), com projeções de produção de até 9 bilhões de litros a partir de resíduos do agro, conforme aponta pesquisa da Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB) e Boeing. A cana-de-açúcar é a fonte principal dos resíduos, seguida por resíduos madeireiros, gordura animal, gases industriais e óleo de cozinha usado. Além disso, diversos projetos inovadores envolvendo soja, milho e macaúba também ganham relevância. Os investimentos na produção sustentável do combustível podem impulsionar o mercado nacional nos próximos anos.

Brasil pode chegar a 9 bilhões de litros de SAF com resíduos do agro na produção 

O mercado de combustíveis nacional assiste agora a mais uma oportunidade de investimentos para expandir a produção sustentável no Brasil.  Uma pesquisa da Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB) em parceria com a Boeing aponta que o país pode gerar até 9 bilhões de litros de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) a partir de resíduos do setor agropecuário. 

Isso pode ser feito a partir de matérias-primas como resíduos de cana-de-açúcar, gases de escape de processos industriais, resíduos madeireiros, óleo de cozinha e gordura animal. Dessa forma, o Brasil se tornaria uma potência global na produção sustentável do combustível SAF. 

De acordo com o levantamento, a cana-de-açúcar é uma das principais fontes que pode impulsionar a iniciativa, contribuindo com 6,48 bilhões de litros. Além disso, resíduos madeireiros, setor de gordura animal, gases industriais e óleo de cozinha usado somam 2,6 bilhões de litros adicionais. Esses números destacam o potencial que os resíduos do agro representam para a indústria de aviação sustentável.

Além disso, outro estudo, conduzido pela ONG WWF e pelo Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA), destacou a diversidade de matérias-primas disponíveis no Brasil para essa produção. Macaúba, sorgo e outras fontes, além da cana-de-açúcar, são apontadas como alternativas viáveis para o SAF. Essa variedade oferece flexibilidade na produção de SAF, contribuindo para um setor mais sustentável.

Cana-de-açúcar é destaque entre os resíduos do agro para a produção de Combustível Sustentável de Aviação

A cana-de-açúcar, devido à sua abundância e mercado consolidado, está se tornando uma das opções mais viáveis para impulsionar a produção de SAF. Recentemente, a produtora de biocombustível Raízen recebeu a certificação internacional ISCC CORSIA Plus, validando a capacidade do etanol produzido no Brasil de atender aos requisitos para a produção de SAF.

Esse marco representa o início do aproveitamento desse recurso para a produção de combustíveis de aviação mais sustentáveis Além da cana-de-açúcar, projetos envolvendo soja, milho e macaúba também estão aparecendo no mercado como promissores na produção de SAF.

A Acelen, empresa de refino do fundo árabe Mubadala, iniciou um projeto de produção de diesel verde e SAF, com a macaúba como fonte. Com fortes investimentos ao longo de uma década, a empresa visa explorar o potencial da macaúba, cujo óleo demonstra capacidade para produzir até sete vezes mais combustível do que a soja.

A glicerina também está sendo um destaque para a produção do SAF. Um projeto-piloto realizado pelo Senai-RN e pela Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável inaugurou a primeira planta-piloto para a produção de SAF a partir desse recurso em Natal, no Rio Grande do Norte. No entanto, apesar do potencial, a produção de SAF a partir de resíduos ainda enfrenta desafios, principalmente relacionados aos custos iniciais.

A professora Laís Forti Thomaz, da Universidade Federal de Goiás (UFG), destaca que, dependendo da rota tecnológica e da matéria-prima utilizada, os custos podem variar. Ela enfatiza a necessidade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento para superar esses desafios, tornando o SAF mais competitivo e aproveitando os resíduos do agro para a produção.

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