Uma recente análise conduzida pelo Observatório Social do Petróleo trouxe à tona informações alarmantes sobre os preços da gasolina praticados no Brasil. De acordo com o levantamento, o litro da gasolina vendida pela Petrobras foi comercializado a R$ 2,52 durante o mês de julho, enquanto as refinarias privatizadas, em média, cobraram R$ 3,10 pelo mesmo produto. Essa diferença alarmante chegou a atingir a marca de 23%, alcançando o maior patamar desde o início das medições em dezembro de 2021, quando ocorreu a privatização da primeira refinaria estatal, a Landulpho Alves, localizada na Bahia, que passou a se chamar Mataripe.
Levantamento revela diferença recorde no preço da gasolina entre Petrobras e refinarias privadas
Uma mudança significativa no cenário dos combustíveis no país ocorreu em maio desse ano, quando a Petrobras anunciou o abandono do PPI (Preço de Paridade de Importação) como método para determinar os preços dos combustíveis. Anteriormente, a empresa estatal baseava seus reajustes da gasolina e do diesel em simulações sobre os custos de importação desses produtos. Entretanto, com a adoção de um novo modelo de livre mercado, a empresa passou a focar na busca por clientes e no custo de oportunidade de venda dos seus produtos.
Embora o Observatório, ligado a sindicatos de petroleiros, destaque que o fim do PPI contribuiu para ampliar a diferença entre os valores praticados pela estatal e pelas refinarias privadas, esse não é o único fator explicativo. Mesmo sob a política anterior, a Petrobras já se beneficiava do fato de produzir e refinar o petróleo na mesma empresa, o que permitia otimizar os custos de produção.
Refinarias privadas acusam práticas anticoncorrenciais por parte da estatal
Por outro lado, a Associação Refina Brasil, que representa as refinarias privadas, argumenta que a Petrobras também se beneficia de práticas anticoncorrenciais, o que justifica a discrepância nos preços dos combustíveis. Evaristo Pinheiro, presidente da associação, enfatiza que embora seja louvável a eficiência operacional e de custos da Petrobras, a vantagem nos preços não pode ser atribuída somente a esses fatores. Ele aponta a existência de vantagens regulatórias e violações ao direito da concorrência por parte da estatal.
Segundo Pinheiro, a Petrobras possui vantagens na exportação de petróleo em detrimento das refinarias independentes na compra do produto, o que acaba afetando os preços praticados no mercado nacional. Além disso, o presidente da Refina Brasil aponta práticas potencialmente anticoncorrenciais relacionadas ao acesso de refinarias ao mercado e à discriminação nos preços.
Essa análise revisita um debate crucial sobre a política de preços dos combustíveis no Brasil, envolvendo ações governamentais, regulação do setor e a busca por um mercado mais competitivo. Enquanto a Petrobras defende seu novo modelo de livre mercado, as refinarias privadas buscam igualdade de condições e um ambiente concorrencial mais justo. O cenário promete continuar sendo objeto de discussão e análise nos próximos meses por afetar diretamente o bolso dos consumidores e a economia do país como um todo.
Conheça um pouco mais sobre a Petrobras
A Petrobras é uma empresa estatal de capital aberto que atua principalmente nos setores de exploração, produção, refino, transporte e distribuição de petróleo e gás natural. Ela é responsável por uma grande parte da produção de petróleo e gás no Brasil, tornando o país um importante ator no mercado internacional de energia.
É uma empresa de grande relevância para a economia brasileira. Além de fornecer combustíveis e gás natural para o mercado interno, ela também gera empregos diretos e indiretos e contribui significativamente para a arrecadação de impostos no país.
