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Empresas encaminham mais de 60 projetos para geração de energia eólica offshore no Brasil

A gigante Petrobras e a Equinor já assinaram um acordo para estudo de viabilidade de uma usina offshore no litoral do Rio de Janeiro, na Bacia de Campos.

by Marcelo Santos
Empresas encaminham mais de 60 projetos para geração de energia eólica offshore no Brasil

No início de dezembro, chegava a 70 o número de projetos protocolados no Ibama para licenciamento ambiental, ao todo, esses projetos têm potencial para gerar 176,6 gigawatts (GW). Contudo, a lentidão na regulamentação da atividade já impulsionou os primeiros leilões para a concessão de uma área no mar com foco em energia eólica até 2024.

Segundo especialistas, a busca para desenvolver a atividade no Brasil deve continuar devido à pressão da transição energética e às condições naturais do litoral, dependendo da escala do investimento necessário, algumas empresas do setor de energia, as chamadas majors, começam a se alinhar a parcerias.

Usina na Bacia de Campos (RJ) em estudo

A Petrobras e a Equinor assinaram um acordo para estudo de viabilidade de uma usina offshore no litoral do Rio de Janeiro, na Bacia de Campos. Também já foi firmado um acordo de cooperação técnica entre a Shell e a Eletrobras para possível investimento conjunto e operação dessas usinas no futuro.

“Dá para imaginar que as parcerias sejam uma tendência do setor”, diz a gerente de assuntos regulatórios da Shell Brasil, Monique Gonçalves. “Ainda há muitos riscos envolvidos, tecnológicos, de medição (potencial eólico) e financeiros”, acrescenta.

Empresas encaminham projetos de geração de energia eólica

As áreas destinadas à instalação das usinas em alto mar abrangem praticamente todo o litoral brasileiro. A Shell já tem seis projetos protocolados no Ibama, enquanto a Equinor, que está em negociações com a Petrobras, tem outros seis projetos comunicados ao Ibama em seu nome. Os projetos de parques eólicos offshore devem atingir uma capacidade instalada de pelo menos 1 GW, dizem os executivos.

Idealmente, eles devem ter entre 2 GW e 3 GW, dependendo da lucratividade, além da complexidade da operação e da tecnologia envolvida, esse volume de energia encarece os projetos. A previsão é construir os primeiros parques eólicos offshore no Brasil somente no final da década ou após 2030, dizem especialistas.

Construção de novas usinas

A expectativa de investimentos para a construção das usinas está na casa dos bilhões. Um executivo do setor, que prefere não ser identificado, estimou que cada gigawatt de capacidade instalada pode custar até R$ 16 bilhões. Em agosto de 2022, a gerente de tecnologia renovável da Shell, Camila Brandão, fez uma estimativa bem mais conservadora: entre R$ 5 bilhões e R$ 7 bilhões.

Os materiais a serem aplicados na costa brasileira podem ter características, como densidade, diferentes dos utilizados no Mar do Norte, essa especificidade, aliada à infraestrutura offshore já implantada pelas grandes petrolíferas no Brasil, pode reduzir significativamente os custos, segundo o estudo publicado na revista Energy and Resources.

Projetos de energia eólica na região nordeste

Metade dos projetos estão concentrados no Nordeste, a infraestrutura do porto do Pecém (CE) e a presença de grandes consumidores de energia atraem empresas, o mesmo acontece com o Porto do Açu (RJ), que torna RJ e Espírito Santo pontos atrativos para o setor.

Os 70 projetos protocolados no Ibama para licenciamento ambiental somam uma capacidade de geração de 176,6 GW, em 2023, a listagem deve ser reforçada pela entrada mais decisiva da Petrobras nessa fonte, conforme indicam os membros do governo de transição.

De setembro a dezembro, quatro novos projetos entraram no sistema do Ibama, uma da Cemig Geração e Transmissão, com capacidade estimada de 1,5 GW, e outra da Energia Itapipoca, com 720 MW, ambas previstas para o litoral cearense.

Petrobras deve acelerar aportes na área

A Petrobras acumulou pesquisas e desenvolvimento relacionados à energia eólica offshore nos últimos anos, principalmente no mapeamento de áreas, a última gestão do Brasil reduziu o ritmo de desenvolvimento dessa frente de negócios para focar na exploração e produção de petróleo, o que deve mudar no novo governo do presidente Lula (PT).

No plano estratégico até 2027, a eólica offshore aparece como uma opção para diversificação rentável do portfólio, mas apenas para estudos posteriores, sob a diretriz de reforçar a atuação em renováveis, a estatal deve acelerar os investimentos nessa área, acirrando ainda mais a competição em um mercado ainda incipiente no país.

Nova tecnologia Petrobras

A Petrobras desenvolveu uma tecnologia para medição de ventos no mar chamada Bravo, Bóia Remota de Avaliação Eólica Offshore, que foi desenvolvida em parceria com os institutos de inovação Senai do Rio Grande do Norte e de Santa Catarina, a tecnologia entrou em fase de testes no final de dezembro.

A Bravo é uma alternativa às torres de medição fixas, cuja instalação é cara, até então, essas tecnologias não existiam no Brasil e precisavam ser contratadas no exterior. Segundo a Petrobras, a futura entrada da Bravo no mercado deve reduzir em cerca de 40% os custos de aluguel de equipamentos.

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