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Cotação do petróleo despenca 3%: Arábia Saudita toma medida drástica

Arábia Saudita reduz preços do petróleo, levando a uma queda na cotação; impactos econômicos globais são debatidos.

by Marcelo Santos
Cotação do petróleo despenca 3%: Arábia Saudita toma medida drástica

Na última segunda-feira, os mercados de petróleo foram abalados por uma decisão surpreendente da Arábia Saudita, que reduziu os preços de seu principal produto para o nível mais baixo em 27 meses. Essa movimentação veio à tona após a Saudi Aramco, a petroleira estatal saudita, anunciar um corte nos preços de suas entregas programadas para o próximo mês. Os efeitos imediatos dessa ação foram refletidos na cotação do petróleo, com o barril do WTI, referência americana, com entrega prevista para fevereiro, recuando 4,12%, atingindo US$ 70,77. Enquanto o barril do Brent, referência global, para março, cedeu 3,35%, chegando a US$ 76,12.

Redução dos preços pela Arábia Saudita

No dia 07, a Saudi Aramco surpreendeu o mercado ao anunciar uma redução nos preços de seu petróleo destinado à Ásia, cortando o custo oficial em US$ 2 por barril. Essa medida colocou os preços no nível mais baixo desde novembro de 2021. A Arábia Saudita também reduziu em US$ 2 o preço do barril para compradores nos Estados Unidos e na Europa.

Como resultado, o petróleo saudita agora é US$ 1,50 por barril mais barato do que o petróleo de Dubai e do Omã. Essa ação surpreendeu até mesmo os analistas do mercado, que não esperavam um corte de preço tão significativo.

Preocupações da Arábia Saudita com a concorrência e o excedente de oferta

Os motivos por trás dessa redução de preços da Arábia Saudita incluem a preocupação com a concorrência de outros produtores de petróleo e o risco de sua oferta superar a demanda, especialmente com os preços em alta. A incerteza persistente sobre o impacto do corte de 2,2 milhões de barris por dia na produção da OPEP também tem contribuído para a volatilidade do mercado. Essa redução na produção da OPEP está sendo compensada pelos estoques globais e pela menor demanda das refinarias na Ásia.

A produção de petróleo de xisto nos EUA

Outro fator que influenciou a queda na cotação do petróleo é a produção recorde de petróleo de xisto nos Estados Unidos. O aumento da oferta americana tem exercido pressão sobre os preços globais do petróleo, contribuindo para a atual volatilidade do mercado.

Essa queda na cotação do petróleo também está ligada às preocupações do mercado em relação à demanda em 2024, à medida que a economia global enfrenta a perspectiva de uma desaceleração após um período de taxas de juros elevadas em muitas partes do mundo.

O banco BBVA, no entanto, prevê apenas um enfraquecimento “ligeiro” nas economias avançadas e na China. Eles acreditam que isso será compensado por um crescimento mais forte em outros países emergentes, mantendo o Produto Interno Bruto (PIB) global em um crescimento próximo aos níveis de 2023.

Análise da economia global

Rafael Doménech, analista do BBVA, avalia que a economia global está começando 2024 em um cenário mais positivo do que se esperava no ano anterior. Ele observa que, enquanto no passado o debate se centrava em aumentos no desemprego e a profundidade de uma recessão, agora o mercado de trabalho está aquecido, com inúmeras vagas de emprego disponíveis nos Estados Unidos.

Quanto à China, o maior importador de petróleo do mundo, Doménech espera uma “gestão da desaceleração ordenada com sintomas de deflação”, que ele considera uma tendência estrutural de longo prazo, após décadas de crescimento robusto no gigante asiático.

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